Deputados, ex-parlamentares e lideranças ligadas ao PT, diversos deles membros do governo de transição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), intensificaram articulação para que Izolda Cela não seja escolhida como ministra da Educação.
Eles têm concentrado críticas na proximidade que a governadora do Ceará e seu marido, Veveu Arruda, ex-prefeito de Sobral, têm com a Fundação Lemann, organização privada que promove iniciativas para a educação pública e que foi fundada pelo empresário Jorge Paulo Lemann.
Em evento recente da Lemann, ela foi recebida com gritos de "ministra", como mostrou reportagem de O Estado de S. Paulo.
Arruda é um interlocutor constante de Lemann, e a ideia de criação de um Centro Lemann no Brasil surgiu de diálogo entre os dois, por exemplo. Tanto o ex-prefeito como Izolda fazem parte do conselho consultivo da instituição, que promove ações com foco na redução de desigualdades educacionais no Brasil.
Em carta divulgada nesta sexta-feira (9) e costurada pelo grupo, petistas e aliados afirmam que o perfil que deve liderar o Ministério da Educação não deve estar vinculado "aos setores empresariais na educação" e deve ter "raiz na defesa da educação pública, habilidade nos diálogos com os amplos setores da sociedade, história de militância na educação e forte compromisso com o programa vitorioso do presidente Lula."
"A atual conjuntura que se consolida com a posse do presidente Lula exige a defesa intransigente da educação pública e popular como pilar do desenvolvimento nacional. Educação que deve ser gratuita, democrática, laica, inclusiva, com gestão pública e de qualidade social e, notadamente, deve ter no reforço do papel do Estado centralidade para garantia deste direito público subjetivo", continua a carta.
A passagens também miram em Ricardo Henriques, superintendente executivo do Instituto Unibanco que também é cotado para o posto. No entanto, como ele fez parte do governo Lula como primeiro secretário de Educação à Distância, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação, é considerado um nome mais palatável.
Essa corrente petista, liderada por nomes como a deputada federal Rosa Neide (PT-MT), a deputada estadual e senadora eleita Teresa Leitão (PT-PE) e o presidente da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) Heleno Araújo, defende o nome de Reginaldo Lopes (PT-MG) como ministro da Educação.
Como mostrou o Painel, o Núcleo de Educação e Cultura da bancada do PT no Congresso, coordenado pela deputada Rosa Neide, informou ao diretório nacional do partido que apoia Lopes para o Ministério da Educação.
Também pesa contra Izolda o fato de estar sem partido político desde que deixou o PDT, em julho. Sua nomeação para o cargo não contaria como aceno para qualquer legenda na composição da Esplanada.
Por outro lado, Lula comprometeu-se a dar espaço para mulheres nos ministérios. Nesta sexta-feira (9), ele anunciou a escolha de cinco homens.
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