A Secretaria de Educação de Santa Catarina oferece uma explicação pela metade para a polêmica envolvendo uma lista de nove livros que, conforme ofício publicado em 7 de novembro, deveriam ser "retirados de circulação e armazenados em local não acessível à comunidade escolar".
A secretaria nega que isso signifique que os livros tenham sido recolhidos ou censurados, mas sim realocados.
Em resposta a um primeiro contato da Folha, em 14 de novembro, a secretaria disse que "a revisão do acervo é realizada periodicamente pelas bibliotecárias, e a partir desta ação, há possibilidades de remanejamento" e que esta "é uma prática corriqueira para garantir a adequação das obras ao público-alvo".
Conforme a nota da secretaria, os títulos em questão foram adquiridos em 2017 e distribuídos entre 2018 e 2019. No período, Santa Catarina foi governada por Raimundo Colombo (PSD) e Eduardo Moreira (MDB).
Segundo a nota, os livros teriam sido encaminhados para os Centros de Educação Profissional, para os Centros do EJA (Educação para Jovens e Adultos) e para as bibliotecas prisionais, instituições com alunos adultos ou adolescentes.
A Secretaria de Educação não informa, todavia, quantos exemplares de cada livro foram recolhidos, onde eles estavam e onde estão neste momento. Também não dá explicações sobre quem elaborou a lista ou os quais foram os critérios utilizados. A secretaria também recusa pedidos de entrevista.
Ao menos cinco livros da lista, como "It: A Coisa" e "Donnie Darko", trazem elementos sobrenaturais em suas tramas, mas há também títulos como "Laranja Mecânica", ficção científica com cenas de violência, e "Os 13 Porquês", que inspirou a série da Netflix e aborda os motivos de um suicídio na adolescência.
A obra "O Diário do Diabo", apesar do título, não tem elementos sobrenaturais ou religiosos. Ele reproduz trechos do diário de Alfred Rosemberg, intelectual do nazismo.
A secretaria diz que "não é verídica a informação de que [o recolhimento] tenha sido iniciativa do governador Jorginho Mello (PL)" e sim "por iniciativa individual de um supervisor e de uma integradora regional de educação da cidade de Florianópolis".
Na última manifestação enviada ao Painel, no dia 23, a secretaria respondeu que "reforça que os livros citados não foram recolhidos, apenas redistribuídos para melhor adequar as obras literárias às faixas etárias das diferentes modalidades oferecidas na rede estadual de educação".
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