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Jorginho Mello é eleito e mantém bolsonarismo em Santa Catarina

Senador do PL derrota Décio Lima, primeiro petista a chegar ao segundo turno no estado

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Porto Alegre

O senador Jorginho Mello (PL) venceu com folga o deputado federal Décio Lima (PT), o primeiro petista a chegar ao segundo turno para o Governo de Santa Catarina.

Com 100% das urnas apuradas, os dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) mostram que o candidato do PL obteve 2.983.949 votos, o que corresponde a 70,69% dos votos válidos, contra 1.237.016 votos de Lima, que atingiu a marca de 29,31%. No total, foram computados 4.527.781 votos. Nulos somaram 3,12%, e brancos, 3,66%. A abstenção no estado ficou em 17,44%.

Apuração em Santa Catarina

Foi o único estado em que os partidos de Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se enfrentaram diretamente.

Jorginho Mello
Jorginho Mello (PL) em evento de campanha ao lado do presidente Jair Bolsonaro e da candidata a vice, Delegada Marilisa, em Balneário Camboriú (SC) - Jorginho Mello no Facebook

Embora tenha ocorrido uma troca de nomes, não é errado afirmar que Santa Catarina reelegeu o bolsonarismo. Jorginho Mello substitui o atual governador Carlos Moisés (Republicanos), que se afastou núcleo de apoio do presidente nos últimos anos.

A disputa em Santa Catarina começou com quatro candidaturas de direita emboladas. À frente, o ex-bombeiro Carlos Moisés tentava a reeleição já distante do personagem Comandante Moisés que, pelo PSL, obteve 70% dos votos em 2018 ao surfar na onda bolsonarista.

Moisés é admirado por prefeitos por ter aumentado substancialmente repasses aos municípios, mas decepcionou o eleitorado do presidente Bolsonaro ao fazer um governo moderado e de diálogo, inclusive com o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

Além disso, enfrentou na Assembleia Legislativa dois pedidos de impeachment e chegou a ser afastado temporariamente do cargo.

Os senadores Jorginho Mello e Esperidião Amin (PP) passaram a disputar a preferência bolsonarista. A disputa contava ainda com Gean Loureiro (União), ex-prefeito de Florianópolis.

Ao longo da campanha, Jorginho –que concorria em uma chapa pura do PL, o que rendeu o apelido de "Sozinho Mello"– ficou com a maior porção dos votos dos admiradores do presidente ao longo do primeiro turno, mesmo com uma campanha discreta.

Em um dos estados de maior adesão ao bolsonarismo, as bandeiras do Brasil fizeram as vezes de material de campanha espontâneo ao presidente.

A divisão do eleitorado foi tamanha que cinco candidatos chegaram a vencer em diferentes municípios no primeiro turno, o que acabou beneficiando o PT. Com boas votações nas maiores cidades do estado e alguns redutos petistas na região oeste, Décio Lima chegou ao inédito segundo turno do partido.

Fazer o segundo turno contra um candidato de esquerda acabou facilitando o trabalho de Jorginho, que venceu ao natural. Por meio da candidatura de Décio Lima, o PT passou a trabalhar mais para aumentar a votação de Lula no estado do que para eleger seu candidato.

O único comício de Lula que aconteceria no estado no segundo turno, em Joinville, foi cancelado de última hora. Já Bolsonaro esteve uma vez no estado, em Balneário Camboriú. Além disso, a primeira-dama Michelle Bolsonaro fez um giro por Florianópolis, Balneário Camboriú e Chapecó.

Jorginho tem 66 anos e se elegeu pela primeira vez deputado estadual em 1994. Em 2010, pelo PSDB, se elegeu deputado federal. Após a eleição de Dilma Rousseff (PT), trocou de partido e fez parte da base do governo pelo PR (antigo nome do PL). Em agosto passado, ele chegou a ingressar na Justiça para que uma foto sua com Dilma, de 2009, fosse retirada de um site. Em 2019, ele conquistou vaga no Senado.

Como senador, ganhou a simpatia do presidente ao integrar a "tropa de choque" do governo na CPI da Covid. Chegou a trocar ofensas com Renan Calheiros (MDB) para defender Bolsonaro e o empresário bolsonarista Luciano Hang, das lojas Havan, que se tornaria seu cabo eleitoral.

Se no primeiro turno Jorginho havia sido apelidado de sozinho, no segundo o senador aglutinou apoio de diversas legendas do centro até a direita: PTB, MDB, PSDB, Novo, PP e Republicanos anunciaram apoio ao candidato do PL, ainda que sem a presença no palanque dos demais candidatos, como Moisés, Gean e Amin.

O PSD local do ex-governador Raimundo Colombo —que foi derrotado na disputa ao Senado por outro bolsonarista, o ex-ministro da pesca Jorge Seif (PSL)— se manteve neutro na disputa catarinense e apoiou Bolsonaro na presidencial. O MDB, aliado de Jorginho no segundo turno, herda agora a cadeira de Jorginho no Senado. Assume em definitivo o cargo Ivete da Silveira, 79 anos, viúva do ex-governador Luiz Henrique da Silveira, morto em 2015.

Amin, que tem 74 anos e quatro anos de mandato no Senado pela frente, sinalizou que esta foi sua última eleição. Já o governador Moisés, um estrangeiro no próprio partido no Republicanos e neutro no segundo turno, deve procurar abrigo em uma nova legenda. Ao votar neste domingo, em Tubarão, vestiu uma camiseta com os dizeres "don’t quit".

Por meio da candidatura de Décio, o PT passou a trabalhar mais para aumentar a votação de Lula no estado do que para eleger seu candidato. Conseguiu repercussão nacional ao divulgar um áudio do empresário Luciano Hang sugerindo que o secretário de educação demitisse professores em vez de cobrar-lhe impostos.

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