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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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É erro jogar população contra Congresso, como faz Bolsonaro, diz grupo de empresários

Brasil 200, que tem nomes como Flávio Rocha, da Riachuelo, não irá à manifestação pelo governo

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São Paulo

Jogar a população contra o Congresso e descredibilizar a política, como tem feito o presidente Jair Bolsonaro, é um erro, segundo Gabriel Kanner, presidente-executivo do Brasil 200, movimento que reúne empresários simpatizantes do atual governo. 

"Não podemos incorrer no erro de jogar a população contra o Congresso e colocá-lo como o grande vilão da história, [como alguém] que só tem interesse financeiro em receber alguma contrapartida para aprovar a reforma. Não podemos negar o processo legislativo. Não acho correto dar essa impressão à população", diz Kanner.

 Com nomes de peso do empresariado, como Flávio Rocha (Riachuelo) e João Appolinário (Polishop), o Brasil 200 entrou em 2019 com uma agenda pró-Bolsonaro, prometendo estimular a criação de 1 milhão de vagas. Hoje, porém, o presidente do movimento afirma que o grupo não vai participar das manifestações convocadas para o domingo (26) em defesa de Bolsonaro.

 "A forma como surgiu essa manifestação foi um pouco nebulosa no nosso entendimento. Vimos pessoas com hashtags sobre invadir o Congresso ou fechar o STF. A nossa orientação é refutar qualquer tipo de pedido neste sentido", afirma Kanner. 

Retrato do ativista
Gabriel Kanner, responsável pelo movimento de empresários Brasil 200 - Reprodução

  O movimento Brasil 200 vai a Brasília novamente nessa semana. Qual é a agenda?

Vamos na quarta-feira (22), quando vai ser pautada a reforma tributária da proposta do Bernard Appy. Vamos acompanhar, estamos bastante empenhados. Vamos apoiar a reforma tributária. Paralelo a isso, construímos um comitê temático com alguns acadêmicos da FGV que vai trabalhar junto com a equipe do Marcos Cintra [secretário da Receita] em algumas outras proposições para o nosso sistema tributário. 

O movimento vai participar do protesto em defesa do presidente Bolsonaro no domingo (26)?

Não vamos participar. Não vamos ter carro de som. Alguns membros do movimento manifestaram interesse de ir. A nossa orientação aos que forem às ruas é a de que defendam a reforma da Previdência especificamente. A nossa pauta é essa.

Por que não vão?

Estamos muito focados em apoiar o governo em passar as reformas. A forma como surgiu essa manifestação foi um pouco nebulosa no nosso entendimento. Vimos pessoas com hashtags sobre invadir o Congresso ou fechar o STF. A nossa orientação é refutar qualquer tipo de pedido neste sentido. Acreditamos que o único caminho responsável para implementar as mudanças que precisamos é através das reformas. Isso é uma pauta produtiva e necessária para o país. 

Como o movimento avalia a iniciativa do presidente Bolsonaro de divulgar o texto de um analista da CVM chamando o Brasil de ingovernável?

Precisamos que o país seja governável. Estamos fazendo todo o possível para dar o apoio ao governo para passar as reformas. Precisa passar a reforma da Previdência e a tributária para o país voltar a crescer. O governo precisa se unir e dialogar com o Congresso. Não é hora de conflito. É hora de trabalho. É hora de quem acredita no desenvolvimento do país, quem acredita no governo e quer que esse governo dê certo, se unir. É defender de forma responsável as reformas. Precisamos dessa união. 
 

O deputado Marcelo Ramos, presidente da comissão especial, disse em entrevista que a opinião do governo é irrelevante. Estamos chegando a um ponto de racha incontornável?

Isso não é positivo. Precisamos de um diálogo entre Executivo e Legislativo. Precisamos melhorar essa comunicação e do Congresso para passar as reformas. Não acredito que chegamos a um ponto sem retorno. Dá para contornar a situação, mas, quanto mais tempo passa, fica mais difícil.

O presidente Bolsonaro chegou a dizer que o grande problema do Brasil é a classe política. Ele insistiu no conflito. É a isso que se refere quando você diz que é preciso parar de brigar?

Sim. Não podemos incorrer no erro de jogar a população contra o Congresso e colocá-lo como o grande vilão da história, [como alguém] que só tem interesse financeiro em receber alguma contrapartida para aprovar a reforma. Não podemos negar o processo legislativo. Não acho correto dar essa impressão à população. 

A impressão do conchavo?

Exatamente. Precisamos de maioria no Congresso para aprovar as reformas. O diálogo tem que ser estabelecido. 

Leia a coluna na íntegra aqui. 

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