Painel S.A.

Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Painel S.A.

Após cinco meses, todos os shoppings do país reabrem na segunda

Segundo entidade do setor, 577 shoppings voltam a operar com diferentes níveis de liberação

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Depois de passar quase cinco meses fechados ou com restrições de funcionamento por causa da pandemia, pela primeira vez, todos os shoppings brasileiros estarão liberados para reabertura nesta segunda-feira (24), segundo levantamento da Abrasce (associação brasileira dos centros de compras).


No dia 26 de março, 100% dos empreendimentos estavam paralisados. Desde então, alguns foram abrindo com restrições ou permanecendo de portas fechadas. Agora, pela primeira vez, todos os 577 shoppings poderão ter algum grau de liberação, a depender das legislações locais.


"Foram meses muito difíceis, inimagináveis. Chegou-se a perder quase 70% das vendas em relação ao mesmo período do ano passado. O setor sofreu muito. Mas fizemos parcerias com os lojistas. E através de um investimento superior a R$ 5 bilhões conseguimos manter uma inadimplência e uma vacância sob controle", diz Glauco Humai, presidente da Abrasce.


"A gente ainda está longe do ideal, ali na casa de 55% a 60% ainda de queda de faturamento em relação ao ano passado, mas quando a gente pega as últimas semanas, essa queda de faturamento está na casa dos 30%. Então já tem algo muito próximo do que a gente tinha no ano passado", diz Humai.


A maior parte dos shoppings ainda segue com apenas oito horas de funcionamento. Apenas 10% deles estão com a abertura normal de 12 horas. Em alguns estados ainda há restrição para a presença de crianças ou com dias alternados.


O presidente da Abrasce afirma que o setor está animado com o último trimestre do ano, quando acontecem o Dia da Criança, a Black Friday e o Natal. O setor ficou prejudicado nas vendas de Páscoa, Dia das Mães e Dia dos Namorados. No Dia dos Pais ainda havia muitos shoppings fechados.


"No Dia das Mães, a queda em relação à data no ano passado foi de quase 70%. Já no Dia dos Pais foi na casa de 30%. Então houve uma evolução. Estamos trabalhando para a Semana do Brasil, essa data nova do varejo em setembro, mas apostamos muito na Black Friday e no Natal", diz Humai.


Ainda com cautela, ele afirma que existe a possibilidade de um Natal com vendas superiores ao ano passado.


Os últimos meses foram de restrição nos horários e na quantidade de pessoas dentro dos empreendimentos, o que tornou o consumo mais assertivo, ou seja, o cliente desenvolveu o hábito de planejar mais as compras, levando menos tempo para escolher os produtos, um comportamento que ainda deve permanecer nos próximos meses, segundo as estimativas de Humai.


"O tempo que a pessoa passa no shopping caiu de 76 minutos em média para a casa dos 30 a 35 minutos. E os shoppings ainda sem muita opção de entretenimento. Até pouco tempo não tinha restaurante, não tem cinema, teatro nem parque de diversão ainda. Realmente, o shopping foi mais usado para compras", afirma.


Segundo Humai, os pedidos dos lojistas por reduções nas cobranças de aluguel se acomodaram, e se fez um entendimento de que as empresas de shopping centers poderiam contribuir com os lojistas, os quais voltariam a pagar os aluguéis nos níveis mais próximos dos níveis pré-pandemia, mas o condomínio continuaria sendo pago para a manutenção dos empreendimentos com segurança.


"Dos 110 mil lojistas nos shoppings, tivemos cerca de 3 a 5 casos que foram judicializados. Houve realmente um entendimento", diz Humai.


Sobre as lojas fechadas definitivamente, Humai afirma que o lojista pequeno não teve acesso a crédito.


"O shopping subsidiou grande parte, mas era limitado. Então os lojistas menos estruturados não aguentaram ficar meses parados. E fecharam as portas", diz.


Segundo ele, a vacância no setor, ou seja, o espaço desocupado por lojas nos shoppings, era de 4,5% em fevereiro.


"Muitos analistas acreditavam que a gente ia voltar a operar no final do ano com uma vacância próxima a 20%, mas o que a gente observa é uma vacância na casa de 7% a 8% no máximo. A gente sabia que conseguiria segurar essa vacância pelos acordos e pela dinâmica do mercado", diz.


Segundo ele, 60% dos shoppings são pequenos lojistas e franquias, que tiveram dificuldade.


"O crédito não chegou. Cinco meses depois, a gente continua com uma situação muito próxima de fevereiro e março, não se acessa crédito. Só os grandes conseguem. Isso leva a alguns fechamentos, mas não é generalizado. Alguns empreendimentos estão saindo com taxa de vacância menor do que entraram", diz.

VEJA OUTROS TEMAS ABORDADOs PELA COLUNA

  1. Moda do chá a granel ganhou força na pandemia
  2. Venda de produtos para cirurgias despencou na pandemia, dizem empresas
  3. Tradicional self-service, Ráscal se adapta a bufê de salada protegido por vidro

Com Filipe Oliveira e Mariana Grazini

LINK PRESENTE: Gostou desta coluna? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.