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Fechamento de shoppings centers preocupa lojistas e funcionários

Governo de SP quer fechar estabelecimentos para conter avanço do coronavírus

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São Paulo e Porto Alegre

A recomendação do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), para que os shoppings centers da capital e região metropolitana do estado fechem de 23 de março até o dia 30 de abril como forma de evitar a propagação do coronavírus alarmou lojistas e funcionários.

Marco Aurélio, 51, dono de uma loja de CDs e discos em um shopping da região oeste da cidade, diz que espera que consiga conversar com a administradora a respeito do pagamento dos aluguéis enquanto o local estiver fechado.

“Já mandei todos os funcionários para casa, o movimento está estagnado. Vou ter prejuízo de 100% e não sei como vou fazer, está tudo muito confuso. A gente até calcula diminuição de vendas normalmente, mas fechar a loja por conta de um vírus, nunca me passou pela cabeça”, disse.

Circulação de pessoas era baixa no Shooping Eldorado, zona oeste de São Paulo, nesta quarta-feira (18) - Jardiel Carvalho/Folhapress

Para Luís Augusto Ildefonso, diretor institucional da Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shoppings), somente após a publicação do decreto do governador é que será possível definir como será o aluguel, despesas e carência. “Por enquanto são hipóteses, cada lojista tem a liberdade de fazer a sua negociação”.

Marco Aurélio também está preocupado porque disse que ainda não entendeu direito como será a ajuda oferecida pelo governo do estado.

O governo está discutindo uma série de linha de subsídios. “A parte de ICMS, por exemplo, está sendo discutida no âmbito federal com todos os demais estados”, afirmou a secretária​ do Desenvolvimento Econômico de São Paulo, Patrícia Ellen.

Segundo a gestão Doria, as medidas têm sido tomadas em conjunto com os setores afetados. A questão da manutenção dos empregos, no entanto, ainda não está definida.

Ellen afirma que o governo não tem como obrigar que as empresas a manter seus funcionários. “Mas o governador pessoalmente tem mobilizado setor a setor para criarmos uma força-tarefa de proteção ao emprego. Nesta quinta (19) temos uma frente de trabalho sobre isso e teremos novidades específicas a partir da tarde”, afirmou.

Os trabalhadores, que já estavam trabalhando em esquema de rodízio de equipes e em turnos reduzidos, afirmam que o movimento caiu pela metade nos últimos dias e que ainda restam dúvidas de quais serão os procedimentos a serem adotados caso haja a necessidade de suspender a operação dos centros de compras.

Trabalhadores do Shopping Metrô Tatuapé e Boulevard Tatuapé, na zona leste de São Paulo, afirmam que o movimento já tinha começado a cair em meados de fevereiro, mas que se intensificou drasticamente nos últimos dias.

O Sindicato dos Comerciários de São Paulo cobra garantias mínimas de emprego e renda para os trabalhadores e propõe um acordo envolvendo banco de horas.

“[Os trabalhadores] Ganham os salários normalmente e desconta com diminuição das férias, do horário de almoço no futuro. O que não pode é ficar em casa e não receber nada”, diz Ricardo Patah, presidente da entidade.

Outros estados e municípios também estão adotando medidas semelhantes para conter o avanço da epidemia da Covid-19.

Santa Catarina decretou que shoppings fiquem fechados por pelo menos sete dias, e Porto Alegre, por trinta dias.

Segundo o Sindicato dos Lojistas do Comércio de Porto Alegre, a estimativa é de 50% de perda no comércio em março e de 100% abril.

Há 90 mil pessoas trabalhando no comércio na capital gaúcha.

Em Florianópolis, a Câmara de Dirigentes Lojistas estima uma queda, desde o final de semana, de até 60% nas vendas.

Nesta quarta-feira (18), o governo federal anunciou um pacote de medidas que inclui o corte de até 50% da jornada e do salário de trabalhadores formais durante a crise do coronavírus. O pacote será feito via medida provisória, que precisa do aval do Congresso em até 120 dias, mas que já terá efeito imediato.

Para Carlos Eduardo Ambiel, sócio do Ambiel, Manssur, Belfiore & Malta Advogados, as medidas podem trazer um fôlego maior para as relações de trabalho entre lojistas e funcionários.

“A sinalização é que o governo deve facilitar os mecanismos atuais para trazer alternativas aos lojistas. Facilitar a concessão das férias individuais e coletivas, por exemplo, bem como trazer a possibilidade de reduzir jornada de trabalho e salário de forma proporcional, são meio que minimizam o problema”, afirma.

A medida, segundo o governo, vem para preservar o emprego. "Essa discussão, com a finalidade de evitar demissões futuras é de extrema relevância no atual cenário", afirma a sócia da CSMV Advogados, Thereza Cristina Carneiro.

As ações das administradoras de shoppings já vêm sendo afetadas pelo coronavírus nas últimas semanas. Multiplan, Iguatemi e BR Malls, por exemplo, apresentam queda de 48%, 49% e 55,7% desde 20 de janeiro de 2020, quando as Bolsas começaram a ser afetadas pelo novo vírus.

Somente nesta quarta (18), os papéis da Multiplan caíram 11,8%, cotadas em R$ 17,20, enquanto Iguatemi caiu 12,24%, a R$ 26,97, e BR Malls perdeu 23,9%, a R$ 8.

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