Descrição de chapéu Coronavírus

Doria permite reabertura restrita de lojas e shoppings na capital

Programa do governo de SP divide estado em cinco fases, com cores diferentes; reabertura em áreas autorizadas depende de prefeitos

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São Paulo

O governador João Doria (PSDB) anunciou nesta quarta-feira (27) que prorrogará a quarentena em São Paulo por 15 dias, com flexibilização conforme a região do estado. Foram criadas cinco fases para classificar o nível de quarentena dentro da estratégia para conter a disseminação do novo coronavírus, que já atinge 515 das 645 cidades paulistas.

O anúncio foi feito no Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi (zona oeste), durante entrevista coletiva sobre medidas relacionadas ao coronavírus.

A nova fase da quarentena começará a partir do dia 1º de junho, a próxima segunda, e dependerá dos índices de cada região. As áreas autorizadas só poderão reabrir após decisão dos prefeitos.

De acordo com o mapa apresentado pelo governo, a capital entrou na fase laranja, a segunda mais forte na escala.

Nessa fase, será permitida abertura de mais tipos de negócios, inclusive comércio de rua e shoppings, desde que guardadas algumas restrições, como limitação de horário. Os detalhes serão divulgados nesta quinta (28) pelo prefeito Bruno Covas (PSDB).

A decisão ocorre após de tensão entre a administração municipal e estadual no que parece ter sido uma vitória do prefeito. Enquanto o comitê do governo cogitava colocar a cidade na zona vermelha, a gestão Covas considera que fez a lição de casa e conseguiu achatar a curva de contágio.

As demais cidades da Grande São Paulo e a Baixada Santista ficaram na área considerada vermelha, onde não haverá nenhuma reabertura ainda.

As regiões poderão evoluir ou não de fase, e poderá regredir se os indicadores mostrarem alguma regressão. As reavaliações serão feitas semanalmente, e para qualquer mudança, a região precisará se manter pelo menos por 14 dias (um período de incubação completa) com índices estáveis.

Segundo o governo, a reabertura deverá ser feita por decreto pelos prefeitos das cidades observando também os planos regionais. Covas, que participou do anúncio, exibiu índices que, na avaliação da prefeitura, mostram a estabilização da doença na capital. Ele começará a tratar dos protocolos da retomada nesta quinta.

Questionado se haverá ou não reabertura na renovação da quarentena, o prefeito da capital afirmou que a partir do dia 1º a cidade começará a receber as propostas dos setores. Serão fixadas regras para cada um dos setores e só então eles poderão reabrir, o que o prefeito não deu prazo para acontecer.

“Nós iremos detalhar como isso vai ser feito, mas já adianto que, a partir do dia 1º (de junho), nós vamos começar a receber as propostas de acordo setorial. Essas propostas vão ser validadas pela Vigilância Sanitária do Município e, somente quando assinadas entre a entidade representativa de todo o setor e a Prefeitura, é que o setor poderá reabrir na cidade de São Paulo. Nada a partir do dia 1º, que será o início da discussão”, disse.

De acordo com o secretário estadual de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, os prefeitos terão liberdade para implementar as mudanças a partir do dia 1º de junho, dentro de alguns critérios como adesão aos protocolos de testagem e fundamentação científica para justificar a decisão.

"Estamos dando um passo certo na retomada consciente, nesta nova etapa da quarentena, mas nos dando a determinação de que se tivermos que reavaliar e retomar posições mais duas o faremos", disse Doria.

O médico João Gabardo, ex-secretário executivo do Ministério da Saúde, sob o então ministro Luiz Henrique Mandetta, passou a fazer parte do comitê de saúde da gestão Doria. Em sua primeira entrevista coletiva, ele defendeu este modelo.

"Nós fizemos o tema de casa, nos preparamos para isso. Botamos mais leitos, compramos respiradores, temos mais recursos humanos, tem EPIs. Nos preparamos para o enfrentamento. Esse enfrentamento vai ocorrer, é inevitável que ele ocorra. O que nós não poderíamos fazer era enfrentar com uma adversidade e sem as condições necessárias", disse.

Doria também repercutiu pesquisa Datafolha, que mostrou que 60% dos brasileiros são a favor do lockdown. "Aos que apoiam o lockdown pela pesquisa Datafolha, o Datafolha é um instituto sério, portanto suas pesquisas são bem recebidas e bem percebidas pela opinião público, é um bom sinal certamente essas pessoas apoiarão também o isolamento social, o uso de máscaras e transformarão respostas de pesquisa em atos práticos de vida", disse.

FASES

Sem escolas, a nova fase da quarentena em São Paulo prevê cinco categorias graduais de isolamento, do mais ao menos rígido (vermelha, laranja, amarela, verde e azul). Os critérios para estabelecer a retomada têm duas balizas, a de saúde e a econômica.

Na laranja, a primeira graduação de afrouxamento, concessionárias, atividades imobiliárias, escritórios, o comércio de varejo e shoppings podem retornar, mas com restrições e adoção de protocolos de segurança.

Na sequência (e sob as mesmas condições), são autorizados também bares, restaurantes e salões de beleza; e concessionárias, imobiliárias e escritórios podem voltar a funcionar com restrições menores, atendendo apenas aos protocolos mínimos de higiene e prevenção.

A fase quatro, a verde, adiciona apenas as academias às atividades que podem funcionar com restrições.

Na última, a azul, todos os setores temáticos da economia, inclusive espaços públicos e eventos que permitam aglomeração, podem funcionar respeitando a protocolos mínimos de segurança e higiene.

Vale ressaltar que cinemas e eventos esportivos não possuem uma escala de funcionamento gradativo, ou seja, com maiores restrições, mas voltam direto na categoria azul, a “fase de controle da doença, liberação de todas as atividades com protocolos [mínimos de prevenção]”.

O setor educacional foi indicado como de alta vulnerabilidade econômica e, portanto, considerado de prioridade para o retorno, sendo classificado ao lado dos restaurantes, da economia criativa dos serviços de beleza e das academias.

No entanto, as escolas não responderão à mesma escala gradual de retorno, mas, assim como os transportes, terá um plano específico, “a ser definido” e que não foi especificado na apresentação do governo.

Para atribuir a cor de cada região, o governo levará em conta a ocupação das UTIs, a quantidade de leitos intensivos por 100 mil habitantes e o número de novos casos, internações e mortes dos últimos sete dias dividido pelo mesmo número nos sete dias anteriores.

Para se entrar dentro da bandeira laranja, por exemplo, uma região precisa ter, dentre outras coisas, a ocupação de seus leitos de UTI entre 70% e 80%, e ter registrado na última semana não mais que o dobro de óbitos da semana anterior.

No mapeamento do governo, todas as regiões de São Paulo estão, no momento, entre as bandeiras vermelha e amarela.

Nesta semana, Doria já havia descartado um "lockdown" no estado neste momento, afastando-se de seu posicionamento inicial.

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