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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Presidente da Azul diz que, após Carnaval, expectativa é de baixa até avanço da vacinação

John Rodgerson prevê retomada do setor aéreo no terceiro trimestre de 2021

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São Paulo

O presidente da Azul, John Rodgerson, recebeu na sexta-feira (12), na sede da companhia aérea, em Barueri (SP), o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, para anunciar a abertura de oito novos destinos, elevando para 15 o número de cidades atendidas no estado a partir de maio.

É uma expansão que acontece no pior momento da história do setor —juntas, as três grandes companhias aéreas brasileiras somaram um prejuízo de quase R$ 20 bilhões em 2020 até setembro. Mas sinaliza o sentimento de “luz no fim do túnel”, que Rodgerson diz ser possível ver com o início da vacinação, após um fôlego na demanda de férias e um pequeno respiro na venda de passagens do Carnaval.

A abertura das rotas de Porto Alegre para cidades como Bagé, Canela e Santa Cruz do Sul chega após a redução aplicada em dezembro na base de cálculo do ICMS para o combustível de aviões no estado, como parte da política de desenvolvimento da aviação regional que tenta estimular a logística e mitigar o estrago da pandemia.

Após o Carnaval, o executivo ainda espera meses difíceis e um prazo mais longo até que o setor recupere a oferta suspensa na crise.

John Rodgerson, presidente da Azul Linhas aéreas - Bruno Santos/ Folhapress

Com este ritmo de vacinação que o Brasil tem atualmente, qual é a expectativa de um impacto positivo no setor? Eu tenho dito que 2021 vai ser dividido em dois anos: teremos os primeiros seis meses, que vão concentrar as vacinas, e depois vem o período da retomada que vai acontecer, realmente, no terceiro trimestre.

Nós já vemos a demanda, mas é claro que, depois das altas de dezembro e janeiro, e também depois do Carnaval, a expectativa é de uma baixa, até que grande parte da população seja vacinada.

Mas tem muitas pessoas que querem viajar para ver seus netos, e outras que querem se casar. Muita gente está preparada para voltar a voar quando a vacina avançar. Eu acho que, finalmente, nós temos uma luz no fim do túnel.

O Carnaval impulsionou as vendas? Não é o mesmo desempenho dos anos passados, obviamente. O Carnaval teve uma queda na comparação com os outros anos, porque não estão acontecendo as festas em muitas cidades espalhadas pelo país.

Mas é um feriado para muitas pessoas. E feriado sempre traz movimento. É melhor do que em uma semana normal. Tem gente indo para os destinos do Nordeste, ou para outros lugares do país, porque têm alguns dias sem trabalho ou escola.

Isso já ajuda, mas está, realmente, muito mais calmo do que nessa mesma época em outros anos. E é normal, porque nós ainda estamos com a pandemia.

E o preço das passagens? Ainda pode cair? Os preços estão super em conta agora. Nunca foi tão barato viajar dentro do país. Os preços podem subir, mas depois, quando a demanda voltar com muita força. Por enquanto, ainda tem muita capacidade para retornar para o mercado.

A Azul ainda pode adicionar mais capacidade. A Latam e a Gol também podem. Acho que os preços vão ficar em conta ainda por algum tempo. E acho que isso não é uma coisa para 2021. Na minha opinião, este ano é a hora da retomada. Esse é o momento de convidar as pessoas a voltarem a viajar. E quando a demanda retomar com força, aí os preços podem subir um pouco.

Em março, a pandemia completa um ano. Um dos primeiros setores a quem o governo brasileiro disse que iria dar um suporte era o aéreo. Qual é a sua avaliação hoje sobre o papel dos governos nessa crise? Tem muito esforço que veio do governo, mas não foi dado nenhum dinheiro aqui, como na Europa, nos EUA, em outros países.

Mas a realidade do Brasil é diferente. A gente entende isso. Nós trabalhamos muito com o BNDES ao longo de seis meses, mas o mercado se abriu. E quando o mercado está aberto, não tem necessidade de ter o BNDES mais. Então, nós pegamos dinheiro do mercado financeiro.

Mas tem outras coisas para as quais o governo está olhando, como os preços de combustível. O governo está se esforçando. Obviamente, é diferente de um país como os EUA, que deram dinheiro para as suas empresas aéreas. Sempre acho que podemos fazer mais e vamos continuar lutando por isso.

A Azul vai receber novas aeronaves neste ano. Faz sentido em um momento como este? Nós vamos receber algumas da Airbus e talvez alguns poucos ATRs. Não vamos receber nenhum Embraer neste ano.

E nós vamos olhar as oportunidades que existem no mercado. Dependendo da retomada, no terceiro e quarto trimestre, vamos olhar para isso de novo. Mas, por enquanto, até nós voarmos todas as aeronaves que nós temos, não tem necessidade de se trazer outras neste momento. Só as que nós já temos pelos nossos contratos.

O que vocês esperam dessa expansão de voos no Rio Grande do Sul? Isso tem um potencial de destravar desenvolvimento local, porque o transporte aéreo é um alavancador de negócios, é um vetor de desenvolvimento. Essas cidades poderão abrir novos investimentos, fomentar negócios e ajudar o Brasil voltar a crescer. Já temos visto muitas cidades menores com um desenvolvimento econômico acelerado e o serviço aéreo é essencial. Começamos a trabalhar para colocar esses voos a venda em março.

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