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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Mercado para pessoas sem plano de saúde deve crescer, diz laboratório

Presidente do grupo de diagnóstico Sabin, Lídia Abdalla, diz que empresa terá mais aquisições e abertura de novas unidades

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São Paulo

O processo de consolidação do grupo de medicina diagnóstica Sabin, que teve sete aquisições em 2018 e 2019, mas deu uma pausa em 2020 para fazer a integração e investimentos no digital, deve trazer alguma nova aquisição ainda neste ano e mais em 2022, segundo Lídia Abdalla, presidente da empresa.

A abertura de novas unidades, que também ficou em compasso de espera no ano passado, foi retomada. Já foram cinco inaugurações no ano até agora, e outras dez devem acontecer até dezembro, segundo a executiva.

A empresa lançou neste ano uma plataforma que deve crescer no mercado de pessoas sem plano de saúde.

Lídia Abdalla sorri para a foto
Lídia Abdalla é presidente-executiva do grupo Sabin Medicina Diagnóstica - Felipe Costa/Divulgação

Como está o retorno dos exames? Já atingiu o patamar pré-pandemia? Já atingimos o patamar pré-pandemia em exames de análises clínicas. Estamos vendo quase próximo do volume normal na área de diagnóstico por imagem. No Sabin, temos uma atuação nacional e estamos em todas as regiões do país, que tiveram diferentes momentos e impactos, como Manaus, que teve os momentos de colapso, e também de Florianópolis. Mas em média, pelo que estamos vendo no setor de medicina diagnóstica, já há uma normalização.

Tem se falado sobre a exigência de comprovante de vacina. Como vocês olham para essa discussão sobre exigir de funcionários e até de clientes? No nosso caso, estamos com praticamente todo o nosso pessoal trabalhando desde o início da pandemia. Tivemos momentos de rodízio e home office mas a grande maioria das pessoas voltando. Quase 100% da empresa já está vacinada porque somos profissionais de saúde.

Eu acho importante que se tenha sim uma grande conscientização e mobilização das empresas solicitando a vacinação de seus funcionários. É uma forma muito mais segura. Mas, mais importante do que exigir o comprovante de vacinação, eu entendo que é também garantir que as medidas de proteção estejam funcionando bem.

Acho que as empresas têm que estar muito preocupadas, nessa retomada, com os fluxos e processos de segurança e orientação dos funcionários. O que a gente precisa ter no foco, como país e mundo, é acelerar o máximo que conseguir e garantir que a população faça o esquema vacinal completo. A vacina não é uma proteção individual. Ela é coletiva. Quem não é da saúde está falando sobre eficácia da vacina, que é 50% ou 90% ou 80%.

Mas sempre foi assim com diferentes vacinas. O mais importante na vacina não é a sua eficácia ali no indivíduo, mas a força que a imunização completa traz para o coletivo. Quanto mais pessoas tiveram vacinadas melhor para interromper o ciclo de transmissão do vírus.

Vocês têm feito várias aquisições e o que mais vem pela frente? Fizemos sete aquisições, inclusive médias e grandes em 2018 e 2019. Em 2020, não. Tínhamos um planejamento estratégico de fazer integração dessas aquisições, investir em crescimento orgânico e abertura de novas unidades em muitas regiões novas.

Em 2020, nós tivemos que realinhar o nosso planejamento estratégico, porque tinha muitos investimentos no digital, no atendimento móvel, nós quintuplicamos entre 2020 e 2021 o volume de atendimento móvel, desde unidades drive-thru, atendimentos domiciliares e não só no Distrito Federal, onde é a sede da empresa e temos 55% da nossa operação, mas no Brasil todo.

Fizemos uma aquisição neste ano de um laboratório em Gurupi, no interior de Tocantins, porque já temos uma operação grande em Palmas. Foi uma aquisição pequena. E temos várias negociações em andamento. Devemos ter ainda alguma aquisição neste ano e para o próximo também. Já abrimos cinco novas unidades neste ano e temos mais dez unidades para abrir até dezembro.

Então, 2020 já era o ano planejado para fazer a integração? Como foi isso na pandemia? Um desafio. A integração no nosso modelo é conseguir migrar sistema. Em relação aos laboratórios, hoje nós temos 296 unidades de atendimento ao cliente em todo o país, nas 54 cidades onde nós estamos. Todas elas têm o mesmo sistema de atendimento ao cliente, de backoffice. Tem várias etapas e pilares de integração, como financeiro, padronização de unidades e integração de sistemas.

Na pandemia, a disseminação de cultura organizacional é um grande desafio. O que nós mudamos no nosso planejamento estratégico é que, por exemplo, a abertura destas 15 unidades que estamos fazendo em 2021 estava planejadas para o ano passado. Nós não abrimos unidade física no ano passado, até porque em alguns momentos tivemos até unidade fechada por causa dos lockdowns. Mas aí nós investimos muito nas plataformas de atendimento virtual.

A aceleração das fusões e aquisições, que costuma acontecer nas crises, mexe com os planos de vocês? Mexe, até porque a crise traz muitas reflexões para os negócios. Já percebemos que neste ano, de três meses para cá, já estamos sendo muito mais demandados, procurados. Há muitas oportunidades, tanto de laboratórios e serviços de imagem querendo vender ou fazer alguma fusão ou algum tipo de movimentação estratégica.

E essa disputa no mercado de plano de saúde pelos preços? A ANS determinou reajuste negativo para os planos individuais, mas as empresas de plano de saúde reagiram. Como vocês olham para isso, que os impacta também? Acredito que tudo isso que estamos vendo neste momento com relação a reajuste é um reflexo do que vivemos no ano passado e neste ano, como nos três primeiros meses da pandemia em que os procedimentos eletivos ficaram reprimidos. Nos próximos meses, a tendência será normalizar a utilização.

Vocês têm no portfólio um serviço para pessoas que não têm plano de saúde?  Nós lançamos neste ano. É uma plataforma digital chamada Rita Saúde. É um centro de saúde digital para oferecer não só os nossos serviços mas também outros, que as pessoas queiram comprar em saúde e bem-estar. Teremos inclusive outras empresas parceiras podendo vender na nossa plataforma, desde drogarias, medicações, consultas médicas e outros serviços.

Já temos uma base inicial de clientes utilizando. Na plataforma, é possível comprar procedimentos, exames e produtos tanto para você, quanto para uma outra pessoa. Ela tem esse modelo de custeio diferente, que é o modelo de crowdfunding. Ali você pode comprar para doar. Isso vem de uma história que já tínhamos uma demanda por esses serviços no nosso dia a dia.

Vocês estão apostando que esse mercado deve crescer? Sim, acreditamos nesse mercado até porque sabemos que 75% da população que não tem plano de saúde, mas grande parte dela tem condição de pagar por um procedimento, por um exame, uma consulta. Nós já tínhamos um produto, que serviu de base para construirmos a Rita Saúde, que era um cartão de saúde Sabin, já era para quem não tinha plano de saúde, que dava acesso aos nossos serviços com valor diferenciado.

Inclusive essa base que já tínhamos no cartão de saúde Sabin nós vamos migrar para a Rita. Esse cartão nós já temos no grupo há cinco anos, e nele já temos uma base de 60 mil clientes que já utilizaram em algum momento.


Lídia Abdalla
Formada em farmácia pela Universidade Federal de Ouro Preto. Foi gerente e superintendente do Sabin Medicina Diagnóstica, onde atua desde 2003

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