Depois que os sites de vaquinha se popularizaram para as doações da pandemia, o perfil do chamado crowdfunding começa a retomar o cenário anterior à chegada do vírus.
Luiz Felipe Gheller, CEO do Vakinha, diz que as arrecadações de interesse mais pessoal voltam a ganhar espaço desde meados de 2021.
Após o início da pandemia, as vaquinhas de caráter social, como ajuda para moradores de favelas e donos de pequenos negócios, dominaram as maiores campanhas.
Gheller ressalva que esse perfil não desapareceu totalmente, resistindo como um legado de solidariedade da pandemia.
"Quando a gente compara com outros países, o Brasil tem uma cultura que não é muito de doação. A gente cresceu na pandemia, mas ainda foi a primeira onda de doação. O mercado de crowdfunding pode ser maior do que é", diz.
Desde 2020, a empresa lançou uma modalidade chamada de recorrência, que funciona como assinatura, e clubes temáticos direcionados para setores como educação e saúde.
Na Benfeitoria, outro site de financiamento coletivo, além da recorrência, foram criadas parcerias com grandes empresas, chamadas de matchfunding, em que cada real doado é multiplicado pela corporação parceira.
A participação das campanhas para causas emergenciais oscilaram de 40% antes da pandemia para 85% na pior fase da crise sanitária e hoje está em 60%.
Em março de 2022, a Benfeitoria diz ter arrecadado R$ 2 milhões e atraído 19 mil doadores, com 702 campanhas.
Para Dimitri Mussard, fundador do Abacashi, o mercado de crowdfunding no Brasil deve mudar nos próximos anos.
"Olhando França, Inglaterra e Estados Unidos, tem espaço para quatro ou cinco players. Hoje, deve ter umas 30 vaquinhas online no Brasil, mas eu acredito que só umas quatro ou cinco vão permanecer", diz.
A empresa, que tinha R$ 250 mil de volume mensal transacionado em 2018, diz que viu o patamar subir para cerca de R$ 4 milhões em 2021.
Parte da aceleração ele atribui a fatores como bancarização, Pix e cartões digitais, o que deve facilitar a criação de campanhas por pessoas de renda mais baixa, segundo Mussard.
Joana Cunha com Andressa Motter e Paulo Ricardo Martins
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