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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu inflação juros

As pessoas estão vendo que tem coisa parada em casa que pode gerar renda, diz OLX

Para CEO da empresa, mercado de usados cresce em momentos econômicos difíceis

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São Paulo

O mercado de usados, que tem motivos para ficar mais aquecido em períodos econômicos difíceis, quando as pessoas buscam produtos mais baratos, também vem sentindo os efeitos da inflação e dos juros.

Na OLX, plataforma de compra e venda online cujo carro-chefe são os usados, com produtos que variam de material de construção a eletrônicos e automóveis, a base de usuários interessados em mercadorias mais acessíveis é crescente, enquanto o valor transacionado oscila.

"Esse mercado cresce quando a economia cresce, porque, por exemplo, quando muitas pessoas compram carros novos, elas vendem os usados. Por outro lado, ele também se movimenta quando a economia está em momentos difíceis. As pessoas começam a olhar para dentro de casa e ver que tem coisas paradas que podem gerar renda. Elas também procuram economizar, comprando coisas usadas", diz Andries Oudshoorn, CEO da OLX Brasil.

imagem mostra homem usando camisa branca, sentado e posando para foto da sacada de um apartamento
Andries Oudshoorn, CEO da OLX - Philip Falzer/ Divulgação

No primeiro trimestre, segundo a empresa, foram 446 mil anúncios inseridos por dia com R$ 39,5 bilhões transacionados pelos usuários no período, queda de 20% ante o mesmo período de 2021, o que mostra um aumento da venda de produtos de menor valor.

Como o cenário atual de inflação tem impactado o negócio de vocês? O modelo funciona em qualquer cenário econômico. Já estamos há anos no Brasil e já passamos por várias crises.

Tem um impacto no mercado. Temos grande presença no mercado de imóveis. O financiamento é impactado pelo aumento dos juros. Vimos um ajuste no início deste ano, com o mercado se adaptando aos juros mais altos.

Mas também tem muita demanda. Tem falta de carros novos, o que gera mais negócios de carros usados.
E tem muita gente mudando de vida. A pandemia trouxe esse momento de mudança. É nesses momentos que as pessoas precisam comprar e vender casa, móveis e outras coisas. A mudança gera mais negócios na nossa plataforma, seja quando a economia está crescendo ou em momentos mais difíceis.

O mercado de usados sofre mais nesses momentos de crise? Ou ele se beneficia disso? A gente vê as dinâmicas mudando. Esse mercado cresce quando a economia cresce, porque, por exemplo, quando muitas pessoas compram carros novos, elas também vendem os usados. Quando compram celulares novos, vendem os usados. Então, a economia boa também ajuda.

Por outro lado, ele também se movimenta quando a economia está em momentos mais difíceis. As pessoas começam a olhar para dentro de casa e ver que tem coisas paradas que podem gerar uma renda extra.

Elas também procuram economizar, comprando coisas usadas, que custam 70% mais barato do que coisas novas. As pessoas ficam mais conscientes disso nos momentos mais difíceis.

E também tem aquele pequeno empreendedor. Muitas pessoas iniciam negócios pequenos e usam a nossa plataforma para começar a vender seus produtos ou serviços online.

Dentre as categorias que são vendidas por meio do site, quais são os segmentos que se sobressaíram recentemente, no cenário atual? Durante a pandemia, a gente viu muita procura por compra e venda de coisas para casa. Coisas para arrumar a casa para o home office e para as crianças. Esse foi um momento em que a gente viu um crescimento muito forte desse tipo de produto.

Vimos também um crescimento muito forte em carros usados, com alta de preços, porque tem uma falta de carros novos no mundo inteiro. Isso ajudou a turbinar a venda dos usados.

A perspectiva de medidas como a distribuição de benefícios nessa PEC (proposta de emenda à Constituição) a ser votada na Câmara pode aquecer o comércio? É algo para estimular a economia em geral. A gente vê possibilidade de efeito direto no consumo.

Vocês têm acompanhado as discussões sobre o combate aos camelódromos digitais? Como tratam essa questão dos impostos nas vendas pelo site? A OLX é um site de consumidor vendendo produtos usados para outro consumidor. Quando é atividade não comercial, não tem tributação. Se você vende um produto usado para outro consumidor, não tem tributação. Então, a gente não é muito afetado por isso.

A OLX atua em três grandes segmentos: autos, imóveis e bens de consumo. Também tem imobiliárias e concessionários. São principalmente produtos usados vendidos de um consumidor para outro.

Eles podem negociar e se encontrar pessoalmente para fazer a venda. Mas tem também um novo modelo, com mais segurança, com compra garantida, em que o comprador pode pagar online e receber o produto em casa. Se não for o que estava anunciado, recebe o dinheiro de volta.

Introduzimos isso na pandemia, em que teve muito mais demanda por venda a distância. E ela continua.

Como está o mercado de imóveis neste ano? Na pandemia, vimos muita movimentação de pessoas buscando outro tipo de imóvel, saindo dos centros urbanos. Agora, a gente vê impacto grande do aumento dos juros. Especialmente no início do ano, os juros subiram rápido, então, diminuíram as transações por um tempo. Agora estão voltando. Já vimos que a demanda para imóveis continua.


Raio-X

O executivo, que hoje é CEO da OLX Brasil, nasceu na Holanda e fez carreira em mercados na Europa, na América Latina, na África e na Ásia. Foi consultor na McKinsey e na Braxton Associates, além de passagens por outras empresas de tecnologia, com mais de uma década de atuação em marketplaces online

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