Apesar do silêncio do setor empresarial, que evitou fazer avaliações públicas sobre o assassinato do tesoureiro do PT Marcelo de Arruda pelo bolsonarista Jorge Guaranho, empresários e diretores de grandes companhias elevaram o grau de preocupação com a escalada da violência política nos próximos meses.
Em conversas privadas, a percepção é que a habitual incerteza inerente aos períodos eleitorais foi potencializada e pode atrapalhar as previsões nos negócios.
Para o presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, que vem estudando a polarização na pré-campanha, a preocupação com a democracia, que já alerta segmentos do empresariado, deve se intensificar.
"Temos visto parlamento europeu pressionando por investigação de crimes na Amazônia, temos visto deputados nos EUA pedindo apuração sobre interferência de militares nas eleições. E os representantes do PIB, que é quem mais perde com tudo isso, começam a aumentar articulações que já existiam para a garantia do Estado democrático de Direito", diz Meirelles.
Empresários bolsonaristas que costumam se posicionar sobre o noticiário nas redes sociais emudeceram diante da morte de Arruda.
Nem Luciano Hang nem Salim Mattar ou Winston Ling, que se alinharam a Bolsonaro em 2018, quando o então candidato foi esfaqueado na campanha, quiseram comentar.
"Quanto mais Lula fala, mais evidente fica a sua face autoritária, violenta e antidemocrática", escreveu Mattar, ex-secretário de Desestatização de Bolsonaro.
A ocasião à qual Mattar se referiu foi um ato em Diadema, no sábado (9), em que Lula enalteceu o ex-vereador Maninho do PT. O político citado pelo ex-presidente é réu por tentativa de homicídio qualificado contra o empresário Carlos Alberto Bettoni, empurrado na rua em 2018.
Luciano Hang, da Havan, também criticou Lula.
"Como pode existir pessoas que cogitam entregar o nosso país novamente nas mãos de um sujeito como esse, que reconhece e aprova a violência?", questionou o empresário.
Joana Cunha com Paulo Ricardo Martins e Gilmara Santos
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