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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu juros Opinião de empresário

C&A expande rede de lojas esportivas

Marca ACE, da linha de roupas para atividades físicas, terá dez novas lojas até dezembro

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São Paulo

A ACE, linha de roupas esportivas da C&A que tem cerca de 30 anos, vai virar uma nova rede de lojas com bandeira própria acoplada às unidades da varejista.

Segundo Paulo Correa, presidente da C&A no Brasil, serão abertas dez unidades até dezembro. Chamado de double door, o modelo começou a ser testado há pouco mais de um ano e tem hoje três unidades, em Campinas, Fortaleza e São Paulo. A expansão consolida a ACE como um dos projetos acelerados na pandemia, que deixou mudanças nos hábitos de consumo, como o aumento da prática esportiva.

Na bandeira principal, das lojas C&A, 2022 fecha com 17 novas lojas, ante 27 em 2021, um recuo que Correa atribui os juros. Para 2023, segundo ele, o olhar é "cautelosamente otimista", com a perspectiva de que os juros vão cair.

Imagem mostra Paulo Correa de braços cruzados apoiado em um vidro.
Paulo Correa, presidente da C&A Brasil, posa para foto na sede da empresa em Alphaville, SP - Mathilde Missioneiro - 1.jul.21/Folhapress

Quais são os planos de expansão da C&A? No IPO em 2019, tínhamos estudos para entender que havia espaço para mais C&As no Brasil. No começo da pandemia, demos uma travada, quando ninguém sabia o que ia acontecer. Seguramos a expansão, mas quando fomos tendo clareza, voltamos ao processo.

Abrimos quase 50 lojas desde o início da pandemia até agora. Foi um movimento significativo. Na pandemia pensamos muito em outras alternativas de relacionamento com o cliente e de construir pontes. Surgiram canais digitais, como o WhatsApp, que ainda tem muito potencial.

E a outra história foi essa questão dos cuidados das pessoas com o corpo e a saúde. Com isso, veio uma atenção maior para o assunto do esporte, não só na C&A.

Nós tínhamos essa marca ACE há mais de 30 anos. É uma marca que tem a brincadeira do nome com as letras da C&A e traz ao cliente a dimensão da moda no esporte, em que você se produz para ir malhar ou fazer outra atividade, como andar na rua, buscar as crianças no colégio, ir no supermercado, ficar à vontade, mas se sentindo bem. Tinha espaço para criar um nível de sortimento maior, com mais espaço nas lojas físicas.

O primeiro movimento foi aumentar a área e o sortimento do ACE. Além da linha mais fitness, começamos a trazer outras como ioga, futebol, basquete, tênis. Até um dia, no fim de 2020, em que a gente pensou em fazer uma loja ACE. Fizemos um teste de uma double door com uma loja em Campinas. Você entra no shopping e vê uma loja ACE ao lado de outra da C&A, com passagem por dentro.

Fomos ver se funcionaria em outro lugar e abrimos a de Fortaleza, que foi ainda mais forte. Já em 2022, abrimos no Anália Franco, em São Paulo, com um outro público, e funcionou. Agora, vamos abrir dez até o fim do ano. Entendemos que a fórmula funciona.

Qual era a participação de ACE antes e como vai ficar? A venda por metro quadrado da marca ACE pré-double door versus pós-double door dobrou. Quando colocamos o dobro de metros, então, estamos falando de até quatro vezes o faturamento daquela linha esportiva no espaço após a inauguração.

Cresceu por vários motivos, como a localização da área esportiva na porta da loja, a ambientação temática, o nível de atendimento diferenciado e uma experiência de compra rápida.

E como se replica essa double door no digital? É possível fazer um double door no site ou no app. Mas não é a mesma coisa porque o nível de diferenciação fica menor do que na loja física. No site é mais difícil criar essa experiência diferente. O que estamos fazendo é mais no WhatsApp, mandando conteúdos.

Como o sr. tem visto o cenário econômico e o que projeta para o ano que vem? O cenário atual a gente sabe que é desafiador no momento macro. Com esse nível de juros, pune demais o consumidor no equilíbrio do orçamento. Juro alto nunca combinou com consumo alto.

Para mim, o mais importante é a tendência. Como C&A, a gente tem um olhar cautelosamente otimista, que é a perspectiva concreta de que os juros vão cair. Chegaram a um máximo, a inflação começa a ceder e tem espaço para que a gente veja essa expectativa de cair. Isso é muito importante para o consumo, para o varejo.

Estou olhando para 2023 com esse contexto. Cauteloso porque não vai descer tão rápido. O que a gente lê e ouve é muito para o segundo semestre de 2023 essa história de o juro começar a cair. Até lá, o que estamos vendo são esses estímulos que no curto prazo ajudam, mas estruturalmente precisa acontecer essa dimensão dos juros.

A nossa estratégia, os nossos planos, não são semestrais. Nós fazemos o anual e o de cinco anos. E continuamos acreditando muito que a C&A vai continuar seu caminho de expansão de lojas no Brasil. A gente continua investindo na dimensão digital, no nosso caminho de crédito do cartão C&A Pay e de distribuição.

Nas lojas da marca C&A, o número de unidades abertas desceu de 27 em 2021 para 17 em 2022 por causa do contexto econômico? Tem a ver, principalmente, com essa dinâmica dos juros. Com juros altos, os projetos precisam de uma barreira maior para se pagar.

Quando você tem muitas incertezas no que diz respeito ao custo do capital, nem todos os projetos têm viabilidade tão rápido. Então, você diminui um pouco a velocidade e seleciona aqueles em que acredita que tem mais velocidade de retorno. E depois quando os juros baixam, consegue trazer um pouco mais.


Raio-X

Formado em engenharia da produção pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, tem MBA pela The Fuqua School of Business, da Duke University (EUA). Assumiu a presidência da C&A no Brasil em 2015. Entrou na varejista em 2004 como diretor e assumiu a vice-presidência comercial em 2007, período em que lançou o ecommerce da rede no país.

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