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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Piso da enfermagem levará 70% das prefeituras ao colapso financeiro

Pesquisa feita por prefeituras a pedido do STF mostra que impacto orçamentário com novos salários da categoria pode ultrapassar R$ 15 bilhões

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São Paulo

Levantamento feito pelo Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde) a pedido do STF (Supremo Tribunal Federal) traça um cenário apocalíptico caso o novo piso da enfermagem seja pago. Nas contas da entidade, o reajuste levará 70% dos municípios brasileiros ao descumprimento do teto de gastos com pessoal estabelecido na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Com o desenquadramento, os municípios não podem tomar empréstimos bancários, o que compromete a gestão de investimentos nas cidades.

Sancionada em agosto por Jair Bolsonaro (PL), a legislação prevê remuneração mínima de R$ 4.750 aos enfermeiros da rede pública e privada. No entanto, a aplicação do reajuste foi suspensa em setembro e o Supremo pediu a manifestação de cada segmento da saúde brasileira para ter um diagnóstico da situação antes de definir se libera a aplicação do piso.

Profissionais da Saúde levam paciente com Covid para UTI do Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Araraquara (SP)
Profissionais da Saúde levam paciente com Covid para UTI do Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Araraquara (SP) - Rubens Cavallari - 11.mar.2021/Folhapress

A rede privada, que também sofrerá um grande impacto, alega não ter "elasticidade orçamentária". Entidades filantrópicas, que operam majoritariamente no vermelho, projetam fechamento de hospitais inteiros.

O documento obtido pelo Painel S.A., mostra que, dentre os 465 municípios pesquisados, a implementação do novo piso levaria ao fechamento de leitos e a demissões de funcionários.

A gestão municipal do SUS conta com 599 mil profissionais de enfermagem, com custo anual de R$ 23 bilhões. Caso o piso seja considerado legal, será necessário incremento de R$ 15 bilhões aos cofres das prefeituras. Nos estados o impacto ultrapassa R$ 12 bilhões.

"Caso seja necessária uma readequação de pessoal, por incapacidade de incremento financeiro, com o valor atual disponível de recursos financeiros, seria possível aos municípios garantir a manutenção do emprego de apenas 60% dos profissionais de enfermagem no SUS", diz o Conasems no documento ao ministro Luís Roberto Barroso.

Além dos cortes trabalhistas, a entidade afirma que o piso vai impedir a construção de UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e o fim de contratos de prestação de serviços aos SUS por entidades privadas.

O Conasems diz que em 2021 a União financiou 45% do SUS e uma projeção interna indica que essa participação chegará a 41% até 2024, exigindo mais dinheiro dos estados e municípios.

Os enfermeiros criticam a demora na solução para o piso e representantes dizem que a categoria está descrente com as promessas de uma alternativa no Congresso.

Julio Wiziack (interino) com Paulo Ricardo Martins e Diego Felix

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