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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Transição vê apagão na indústria e quer profissões hightech reconhecidas pelo MEC

Evolução tecnológica para a indústria 4.0 exige trabalhadores qualificados, mas grade curricular não contempla formação

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Brasília e São Paulo

A equipe de transição da Indústria apresentou para o grupo de Educação uma bomba que explodirá nos próximos cinco anos: falta de mão de obra qualificada para tarefas de alta complexidade.

Coordenados pelo ex-ministro Mauro Borges, os integrantes do grupo responsável pelo Desenvolvimento, Indústria e Comércio querem um plano de governo para que as novas profissões sejam contempladas na grade curricular do Ministério, forma de permitir que a indústria do futuro —chamada de 4.0— tenha mão de obra qualificada.

O próximo passo será discutir o tema com o núcleo da Educação.

A chamada indústria 4.0 ainda engatinha no Brasil
A chamada indústria 4.0 ainda engatinha no Brasil - Rafael Martins - 30.nov.2022/ Folhapress

O diagnóstico foi apresentado em uma das conversas. Em cinco anos, haverá quase 800 mil vagas para profissionais de tecnologia e nenhuma escola técnica ou universidade possui cursos de formação nessas áreas atualmente.

Outro problema é que os poucos profissionais gabaritados no país vêm se tornando alvo de contratações de gigantes globais. Somente na indústria da defesa, foram 200 engenheiros aeronáuticos contratados por gigantes globais nos últimos dois anos —num universo de pouco mais de 1.600.

Projeções da Brasscom (Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação) indicam que, até 2025, o segmento das tecnologias emergentes —pilares da transformação do setor produtivo– será o segundo maior gerador de vagas por ano no setor tecnológico.

Serão 797 mil empregos, das quais 563 mil somente no setor de tecnologia —para o qual o sistema de ensino ainda não dá a devida atenção.

Neste universo, o cargo de analista de big data responderá, sozinho, por 26% da oferta de trabalho (147 mil postos). Também haverá vagas para quem for especialista em computação de nuvem (16,8% do total) e em tecnologias de internet por celular (16,4%).

No segmento de tecnologias emergentes —que engloba inteligência artificial, internet das coisas, blockchain e segurança de informação, serão 214,8 mil postos de trabalho.

Há ainda outro ramo, mais restrito, voltado às redes sociais, realidade virtual, robótica, entre outras atividades.

A dificuldade já se reflete na vida das empresas, que não encontram esse tipo de profissional. Um estudo inédito da Harvard Business Review, feito para a NTT Data, mostra que 73% dos executivos entrevistados afirmaram que a escassez de talentos e os déficits de habilidades estão impedindo o avanço do uso de tecnologias emergentes.

Esse ramo da tecnologia envolve itens como inteligência artificial (IA), blockchain, 5G, biometria, edge computing, robótica avançada, realidade aumentada, entre outros.

Essas tecnologias trouxeram ganhos de produtividade segundo os entrevistados. Pelo menos 50% dos executivos indicaram aumento de produtividade dos funcionários e redução nos custos trabalhistas, 46% passaram a ter mais eficiência de fabricação e produção, 40% melhoraram a tomada de decisões, reputação da marca e ampliaram a receita da companhia.

Julio Wiziack (interino) com Paulo Ricardo Martins e Diego Felix

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