Painel S.A.

Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Painel S.A.

Alckmin precisa ser rápido porque empresário está em compasso de espera, diz representante da indústria

Para Ricardo Roriz, governo Lula precisa definir prioridades e lidar com as taxas de juros

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

No MDIC (ministério da indústria), o vice Geraldo Alckmin terá de se apressar para mostrar diretrizes porque os empresários estão hoje em compasso de espera, diz José Ricardo Roriz, presidente da Abiplast (associação do setor do plástico).

Roriz, que tentou concorrer à presidência da Fiesp na última eleição, diz que o movimento contra o atual presidente da entidade, Josué Gomes, é absurdo e coloca a credibilidade da federação em risco no momento em que ela precisa interagir com o governo pela reindustrialização.

0
José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Abiplast - Karime Xavier-05.jul.18/Folhapress

A escolha de Alckmin para o MDIC veio após o governo tentar, sem sucesso, convidar empresários para o posto. Ele é visto como plano B no setor? A indústria não deve ter lado. O objetivo é investir em negócios rentáveis, desenvolvimento, criar bons empregos. Empresário tem receio de entrar em ambiente desconhecido em que não sabe quais são as diretrizes e prioridades. Falou-se em reindustrializar o Brasil várias vezes.

O diagnóstico nós já temos. Sabemos que o custo de produzir no Brasil é maior, que precisa de reforma tributária. O investimento ocorre quando tem perspectiva de crescimento, e o papel de quem está à frente do MDIC é criar atratividade e ambiente de negócios favorável. E esse ambiente, até agora, ninguém sabe.

Não foi discutido na campanha. Está se falando em mudanças. Isso deixa o empresário em compasso de espera até saber o impacto dessas mudanças nos negócios. Isso pode atrasar ou adiantar um processo de reindustrialização.

Outra preocupação é a responsabilidade fiscal, que nos governos Lula foi grande, a economia foi bem, mas as taxas de juros foram altas e o real, muito valorizado. Quem capturou o crescimento naquela ocasião foram os países que concorrem com o Brasil. Teve inundação de importado.

Outra preocupação do empresário é guerra e pandemia. Essas mudanças tiveram impacto na cadeia de suprimento e no consumo. O Brasil precisa de modernização, maiores trocas comerciais, comércio mais fluido, sinergias com inovação com outros países. Quem serão nossos parceiros? Vamos privilegiar o quê?

Mas havia mais nomes na indústria que poderiam ser chamados? O nome talvez não seja o mais importante e sim ter convergência de prioridades voltadas a reindustrializar o Brasil. Pode-se construir uma convergência em torno de um nome desde que se diga o que vai ser feito. Não adianta ter um nome super bem aceito se ele não sair rapidamente com as diretrizes, senão atrasa o processo e ficam todos em compasso de espera.

Com relação ao Alckmin, não há restrição. Ele vem de um estado industrializado, tem habilidade para lidar com ambientes difíceis e a capacidade de convergência. Mas precisa ser rápido. O sucesso depende da forma como encaminhará nos próximos meses.

Falou-se na indústria que o MDIC perdeu atratividade quando o comando do BNDES foi anunciado antes com Mercadante, sinalizando empoderamento do banco diante da pasta. Isso pode ter acontecido com relação a ter um empresário no MDIC, mas a partir do momento que foi definido que seria o Alckmin, acho que essa preocupação já não existe mais. Por ser o vice, é uma pessoa que também está muito próxima do presidente.

Quais são os primeiros temas que a indústria deve levar ao MDIC? Com essas taxas de juros de hoje, a empresa média e pequena praticamente perdeu a capacidade de investimento para comprar novos equipamentos, inovação etc. Qual vai ser o papel com relação a financiamento para desgargalar, aumentar capacidade, investir em pesquisa etc em um cenário de taxas de juros como temos hoje.

Quais serão as prioridades com relação a acordos comerciais? Vamos fazer acordos que privilegiem agregação de valor ao nosso produto ou simplesmente fazer acordos para aumentar o fluxo? A abertura comercial vai ter sincronismo com redução do custo Brasil ou será unilateral?

Tem a necessidade de se inserir nas cadeias globais de produção e tem as cadeias produtivas estratégicas. Ficou provado na pandemia, por exemplo, com o microchip, que os países ficaram sem produzir. Outra coisa são marcos regulatórios, que avançaram nos últimos anos. Alguns serão modificados? Como e quando? Insegurança jurídica é um fator que tem impacto.

A Fiesp vive um racha na gestão Josué. O sr. assinou o documento para tratar das reclamações contra ele? Não assinei e acho um absurdo criar uma situação dessas, que põe em risco a credibilidade da Fiesp. Se tem problema de gestão, tem que ver com o presidente o que pode ser melhorado. Mas uma espécie de abaixo-assinado é como se fosse uma panelinha querendo definir o que é bom ou ruim para a indústria.

A Fiesp é maior que os sindicatos que representa. Tem papel importante no rumo da indústria. Fazer esse tipo de coisa é ruim para os sindicatos, para a Fiesp e mostra que a representação industrial precisa de remodelação.

O sr. tentou concorrer à presidência da Fiesp na eleição contra Josué. Será candidato na próxima? Nosso papel agora não pode ser outro senão levar propostas, interagir com o governo para reindustrializar o país e tornar a Fiesp um agente de construção, propostas, críticas e análises que ajudem a acelerar o processo. Temos um presidente eleito há um ano. Não faz sentido discutir isso agora.


Raio-X

Presidente da Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico) e do Sindiplast (Sindicato da Indústria do Plástico), também ocupou a presidência da Fiesp e do Ciesp em 2018, quando o então presidente da instituição, Paulo Skaf, saiu para concorrer ao Governo do Estado de São Paulo naquele ano.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.