As empresas de diálise, que praticamente operam em função do SUS, reclamam que o Ministério da Saúde não tem recursos para cobrir o aumento de custos e afirmam que serão forçados a interromper os atendimentos à rede pública para evitar quebradeira.
Hoje, oito entre dez de seus clientes partem do SUS que, sem estrutura própria, contrata a rede privada para atendê-los. Ao todo, são 150 mil pacientes que usam o serviço, incluindo os particulares.
Representadas nas conversas pela ABCDT (Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante), empresas como a DaVita, uma das maiores do setor, dizem que tentam, sem sucesso, abrir negociação com o governo por uma recomposição real dos preços.
Após seis anos sem reajustes, em 2021 o governo concedeu um aumento de 12%. Segundo Bruno Haddad, conselheiro consultivo da ABCDT e CEO da DaVita, foi um ajuste anêmico. Nesta semana, representantes das empresas se reuniram com técnicos do Ministério da Saúde para resolver o impasse. Saíram do encontro temerosos com a proposta de 10,3% de aumento.
A associação afirma que a defasagem dos custos por paciente já supera 50%. Atualmente, o governo paga R$ 218 por tratamento, mas o custo total por sessão é de R$ 303.
"Esse reajuste [feito em 2021] foi simbólico. Não cobria sequer o dissídio dos nossos colaboradores", diz Bruno Haddad.
Hospitais particulares e até santas casas também reclamam da situação. Dizem que a tabela do SUS está defasada porque não acompanhou a alta de insumos, medicamentos e procedimentos, impactados pela disparada da inflação e do dólar durante a pandemia.
Procurado, o Ministério da Saúde não se manifestou.
Com Diego Felix
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