Painel S.A.

Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Painel S.A.

Decisão do TCU sobre Congonhas contradiz AGU

Ao negar suspensão da privatização de Congonhas, ministro da corte de contas diz que Constituição garante uso de precatório em concessão

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo e Brasília

A decisão do ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) Walton Alencar Rodrigues em que nega a suspensão dos contratos da última rodada de privatizações de aeroportos contradiz a AGU (Advocacia-Geral da União), que barrou o uso de precatórios para o pagamento das outorgas dessas concessões.

Como noticiou o Painel S.A., deputados do PT fizeram uma representação à corte de contas levantando suspeitas de irregularidades em três blocos de aeroportos leiloados e transferidos à iniciativa privada, inclusive o de Congonhas. Eles pediram uma medida cautelar para sustar os contratos.

O ministro do TCU, Walton Alencar Rodrigues
O ministro do TCU, Walton Alencar Rodrigues - Alan Marques - 21.jan.2015/Folhapress

Uma das alegações foi a de que as três empresas que assumiram os terminais não tinham cumprido os prazos de pagamento da primeira parcela pactuada com o governo.

À época da assinatura dos contratos de concessão, entre março e abril deste ano, as companhias apresentaram precatórios (títulos de dívida do governo com sentenças judiciais definitivas) como parte do pagamento das outorgas.

Apenas os precatórios do Bloco Norte II (Belém e Macapá), de R$ 18,7 milhões, foram aceitos. Os pedidos dos blocos SP-MS-PA-MG (Congonhas e mais dez terminais) e Aviação Geral (Campo de Marte e Jacarepaguá) estavam em análise.

Com a demora na autorização do pagamento, provocada por resistências no governo, e para evitar incertezas relacionadas ao cumprimento dos prazos contratuais, as duas concessionárias optaram por retirar as propostas e pagar as outorgas integralmente em dinheiro.

Em maio, a AGU suspendeu o recebimento desses títulos pelo governo federal até que fosse publicada uma nova regulamentação, criando insegurança jurídica no mercado. A proposta do órgão é que, a partir da nova norma, ônus de precatórios só seja aceito se estiver previsto no edital da concessão.

Porém, em sua decisão, o ministro Walton Alencar Rodrigues afirmou que a apresentação e o recebimento dos títulos tem respaldo constitucional e, segundo o texto da Carta Magna, é autoaplicável, mesmo com a divergência da AGU.

Em seu voto, ele afirma que, pela Constituição, não era necessário que os editais de concessões incluíssem, explicitamente, a possibilidade de uso de precatórios.

Para Alencar, argumento levantado pelos parlamentares era vazio. Ainda segundo o ministro, a modelagem da licitação e a formação dos três blocos, questionada pelos petistas, passou pelo crivo do plenário do TCU e não foram encontradas irregularidades.

"Esta Corte manifestou-se favoravelmente à continuidade do processo de concessão, não podendo os presentes autos reexaminar a matéria, nem mesmo para avaliar superveniente alegação de risco das concessões à soberania nacional, ainda mais por se tratar de argumento vazio, não acompanhado de evidência concreta ou abstrata", escreve o ministro no despacho.

O mérito do caso será julgado pelo plenário. Até lá, Alencar pediu que as questões levantadas pelos deputados sigam em análise. Por isso, determinou que sejam ouvidos, em 15 dias, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), a Secretaria Nacional de Aviação Civil do Ministério de Portos e Aeroportos e os três blocos que administram os aeroportos —XP Infra, Aena e Consórcio Novo Norte Aeroportos.

Com Diego Felix

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.