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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu universidade

Líder de redes privadas, irmã de Guedes diz que é melhor trocar faculdade por funk para ganhar como Ludmilla

Presidente de associação de ensino superior privado avalia que recém-formados vão para mercado disputar vaga de empacotador de supermercado

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Brasília

Irmã do ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, a presidente da Anup (associação das universidades particulares), Elizabeth Guedes, disse que, se fosse hoje, teria aprendido a cantar funk para ganhar dinheiro como Ludmilla, em vez de se dedicar aos estudos e obter nível superior.

"Se eu tivesse 18 anos, eu não ia estudar", afirmou. "Eu ia aprender a cantar funk, porque queria ganhar como a Ludmilla."

Elizabeth Guedes, presidente da Anup
Elizabeth Guedes, presidente da Anup - Mastrangelo Reino - 01.abr.2009/Folhapress

Ela afirmou ainda que não ficaria disputando emprego no mercado, como fazem os professores recém-formados.

"As pessoas se formam e ficam brigando para ter emprego como empacotador de supermercado."

Seu discurso contraria o marketing padrão feito pelas instituições privadas de ensino superior, que costumam atrelar o diploma ao sucesso profissional e financeiro.

As declarações foram dadas durante seminário promovido em Brasília (DF) pelo Ministério da Educação (MEC) para discutir o novo Fies, o programa de financiamento estudantil, em reestruturação pelo governo Lula. O evento ocorreu na segunda (17).

Para a dirigente, o governo do PT, que tem o Fies na vitrine, deveria fazer seu papel para corrigir distorções que impedem estudantes carentes de acessá-lo.

"Não é o Fies que é horrível", disse. "É o MEC que é horrível, porque não implanta a lei do Fies."

Para ela, o sistema do Fies deveria implementar o pagamento contingenciado à renda.

"Isso é responsabilidade de quem? Do MEC. Ele escreveu a lei, insistiu que fosse assim, e não fez nada. Aí, como não tem isso, inventou-se o infeliz do pagamento mínimo."

A dirigente se refere à possibilidade de o beneficiário recém-formado realizar pagamento trimestral de até R$ 150 por um ano e meio e, somente após, ter o saldo devedor do Fies parcelado.

A lei prevê que haveria regulamentação de um pagamento posterior à formatura vinculado à renda do recém-formado (o contingenciamento).

Elizabeth Guedes afirmou que a inadimplência do programa hoje é calculada sobre o valor mínimo e isso gera distorção para as redes de ensino —as menores arcam com alíquotas de contribuição proporcionalmente maiores.

"Cumpram a lei. Implementem o pagamento contingenciado. Isso é questão de vontade política, que nenhum ministro teve até aqui."

O Fies foi um dos alvos preferidos do ex-ministro Paulo Guedes para atacar a política de subsídios dos governos do PT.

Sob sua gestão, o programa sofreu contingenciamentos sem que as distorções fossem corrigidas.

Chefiada por Guedes, a equipe econômica não levou adiante a regulamentação da lei do Fies, como hoje exige sua irmã.

Nos bastidores, essa foi a crítica feita pela atual gestão do MEC ao posicionamento da dirigente da Anup.
Antes de assumir o cargo, Guedes era sócio de uma gestora de ativos que investia em redes privadas de ensino superior que tiveram seus ganhos turbinados com o Fies em governos petistas.

Ao final da exposição, Gregório Grisa, diretor de programa da Secretaria-Executiva do MEC, afirmou que o governo trabalha no aprimoramento do Fies. Reforçou que o programa envolve Fazenda, Planejamento e a Casa Civil.

Com Diego Felix

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