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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Símbolo da malhação vip, Bodytech tenta superar crise em meio a disputa de sócios

Diniz e Accioly discutem investimento próprio dos sócios para cobrir dívida bancária da famosa rede de academias

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Brasília e São Paulo

A Bodytech, cuja saúde financeira está debilitada devido aos estragos da pandemia, tomou outro baque: um conflito entre os sócios por um aumento de capital para fazer frente a uma dívida de R$ 273 milhões da famosa rede de academias que explodiu com a alta da Selic.

Existe um descompasso de R$ 395 milhões em capital, algo apontado pelos auditores da companhia, mas somente 30% desse valor é um problema operacional.

De um lado dessa disputa está a Componente, empresa de João Paulo Diniz, filho de Abilio Diniz. Com sua morte, em julho do ano passado, coube ao pai a responsabilidade do espólio do filho. De outro, sentam Alexandre Accioly e Luiz Urquiza.

Fachada de uma unidade da academia Bodytech em São Paulo
Fachada de uma unidade da academia Bodytech em São Paulo - Camila Svenson - 06.jun.2014/Folhapress

Em março deste ano, houve uma reunião em que se discutiu uma injeção de dinheiro novo para fazer frente ao crescimento da dívida causado pelo galope da Selic desde março de 2021.

Os prejuízos acumulados não param de crescer e a receita operacional, apesar de estar em alta, não é capaz de cobrir o rombo.

No entanto, o representante dos Diniz na Bodytech e sócio da Componente, Júlio Labate, não concordou com o valor e os dois lados entraram em uma discussão por meio de uma arbitragem.

Segundo relatos, a Bodytec informou que o objetivo da Componente era impedir a realização do aumento de capital nas condições impostas pelos demais acionistas.

Participantes da reunião afirmam que, no centro da discussão, está o cálculo do valor da companhia usado para se chegar ao dinheiro novo a ser desembolsado pelos acionistas, individualmente. A Componente avalia que esse valor seria menor.

A cifra do novo aporte, no entanto, não foi revelada.

Para evitar que sua participação fosse diluída, caso os demais acionistas aprovassem o aumento de capital, a Componente recorreu à arbitragem para barrar a operação até que se chegue a um acordo. Nada foi decidido até o momento.

Enquanto isso, a Bodytech segue pressionada por credores, que trocam as dívidas velhas por novas. O maior problema, no entanto, é a escalada na dívida gerada pela emissão de debêntures, no valor de R$ 220 milhões.

Esses papéis são indexados pela Selic, a taxa básica, com uma taxa adicional de 4,35%. Com o galope dos juros, que saíram de 2% ao ano para 13,75% entre março de 2021 e dezembro de 2022, essa dívida também atingiu patamares muito elevados.

O resultado foi um aumento do custo financeiro do grupo para R$ 129 milhões, no fim do ano passado. Em dezembro de 2021, ele era de R$ 76,6 milhões, segundo o balanço da empresa.

Outro lado

Por meio de sua assessoria, a Bodytech informa que as discussões entre os acionistas não afetam a gestão da empresa e a operação das academias.

"A pandemia trouxe substancial impacto e prejuízo de 2020 a 2022, mas, neste ano, a empresa já opera com resultados operacionais positivos projetados em R$ 80 milhões", disse em nota. "Mas ainda com prejuízo por conta dos elevados encargos financeiros razão pela qual o Conselho de Administração aprovou o aumento de capital."

A Bodytech informa ainda que mantém em dia os pagamentos das parcelas de suas dívidas com os bancos.

Procuradas, a Componente e os acionistas Alexandre Accioly não quiseram se manifestar.

Com Diego Felix

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