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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu Bradesco Itaú Santander

Acordo para salvar Americanas vira palco de acusações

Varejista insinua que Bradesco mantém alinhamento escuso com ex-presidente Miguel Gutierrez, pivô das supostas fraudes

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Brasília

A negociação do acordo de credores para salvar a Americanas da recuperação judicial dividiu os bancos, que agora trocam acusações nos bastidores.

Atualmente, o acordo que está na mesa prevê R$ 10 bilhões de dinheiro novo pelos acionistas de referência —Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira— e, em troca, os bancos, proporcionalmente, abrem mão de R$ 10 bilhões de seus créditos, recebendo a diferença em ações e títulos de dívida da Americanas (debêntures).

A Americanas está em recuperação judicial
A Americanas está em recuperação judicial - Ueslei Marcelino - 12.jan.2023/Reuters

De um lado, um grupo, liderado por Itaú e Santander, quer resolver logo o assunto e pressiona Bradesco a assinar a proposta.

De outro, o Bradesco insiste em ter a investigação interna concluída para saber se houve envolvimento do trio nas fraudes. Para o banco, isso muda radicalmente a forma como passará a conduzir o acordo.

Em contra-ataque, a Americanas acusa o Bradesco de "alinhamento escuso" com o ex-presidente da varejista, Miguel Gutierrez, que, em seus depoimentos, afirma, sem apresentar provas, que o trio não só tinha ciência das fraudes como deu anuência para elas.

Negociadores afirmam que a ideia do Bradesco é, caso se confirme envolvimento do trio, cobrar dele a maior parte das dívidas para, somente após, acertar os termos do acordo com a Americanas.

Reservadamente, representantes de Itaú, Santander e BTG consideram que esse embate põe em xeque o futuro das recuperações judiciais no país.

Isso porque o Bradesco só aceitaria avançar com o acordo se suas fianças (espécie de seguro) para a Americanas ficassem fora da recuperação. Ou seja: pagas à vista e sem desconto.

As demais instituições consideram que a retirada de créditos (incluindo fianças) da recuperação abre uma brecha para outras recuperações judiciais em curso.

Também consideram que esse movimento esconde a tentativa do Bradesco –bastante forte nesse ramo– de proteger sua operação de seguros e fianças.

O Bradesco, no entanto, desconversa. Seus negociadores afirmam que, inicialmente, foi a Americanas que propôs o pagamento dessas dívidas fora da recuperação. E teve, naquele momento, aval do próprio Itaú.

Dizem ainda que, na recuperação judicial da Oi, o Itaú conseguiu acertar sua fiança fora da Justiça por força de uma decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Eles terminam dizendo que não brigam por causa de R$ 300 milhões, valor que seria pago fora da recuperação judicial.

Procurados, Bradesco, Itaú e Americanas não quiseram comentar.

Com Diego Felix

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