O Planalto aguarda a comprovação, pelo BNDES, de que será possível viabilizar a produção de energia a preços competitivos para tirar o projeto de Angra 3 da gaveta.
A informação foi confirmada por representantes de fornecedores envolvidos e por técnicos do banco, que hoje monitora o projeto. Em 2021, o BNDES contratou um consórcio liderado pela Tractebel para a retomada do projeto.
Segundo relatos, já seria possível produzir 1 MWh (megawatt-hora) em Angra 3 abaixo de R$ 500, patamar definido pelo governo como "nota de corte" para a continuidade da obra. Contudo, não está definido se o governo dará sinal verde para que a usina nuclear seja mesmo concluída.
O valor é muito abaixo dos R$ 2.000 por MWh cobrados atualmente de usinas térmicas para o fornecimento de energia emergencial na região Norte, algo que vem motivando o Ministério de Minas e Energia a pisar no acelerador do programa nuclear.
Joia do programa nuclear brasileiro conduzido pela ENBPar —braço estatal que reúne as empresas desmembradas da Eletrobras na privatização— Angra 3 precisará de mais R$ 20 bilhões para ficar pronta.
A obra foi interrompida duas vezes. A paralisação mais recente ocorreu em 2015, devido aos esquemas de corrupção investigados pela operação Lava Jato. Naquele momento, cerca de 60% da obra estava pronta.
O projeto divide alas no governo. A usina nuclear não foi incluída no PAC, programa que Lula lançou para estimular a economia por meio de investimentos públicos.
No Ministério da Defesa, setores ligados ao programa nuclear querem levá-lo adiante por considerá-lo alinhado com a política de transição energética e emissões neutras.
Avaliam ainda que serviria de trampolim para investimentos no parque de produção de urânio como combustível, insumo das usinas.
O Brasil é dono de uma das maiores reservas do mundo, detém tecnologia para a produção do combustível, mas falta incentivo para o desenvolvimento desse mercado —hoje dominado pela Rússia, EUA e França.
Com Paulo Ricardo Martins
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.