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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu comércio exterior

Taxa global para poluição de navios ameaça exportações de commodities do Brasil

Países se dividem sobre cobrança que pode encarecer em US$ 14 a tonelada de soja brasileira

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Brasília

As commodities brasileiras correm o risco de sofrerem alta nos preços e perderem competitividade caso a proposta de uma taxa fixa por tonelada de emissão de carbono no transporte marítimo seja aprovada pela IMO (Organização Marítima Internacional), um braço da ONU.

Cálculos iniciais feitos pela Esalq (Escola Superior de Agricultura da USP) indicam um aumento de pelo menos US$ 14 no custo da tonelada de soja transportada para a China.

Área do Porto de Santos, em São Paulo
Área do Porto de Santos, em São Paulo - Divulgação/Codesp

As conversas avançam e os países estão divididos em relação às propostas —que são muitas, mas que se encaixam, basicamente, em dois blocos.

A União Europeia e as ilhas do Pacífico defendem um imposto universal sobre o total de toneladas gás carbônico emitido pelos navios.

China, Brasil, Noruega e Argentina formaram um bloco que defende uma taxa formada pela combinação de créditos e déficits de gases de efeito estufa. Por esse sistema, quem emitir acima da meta, pagará mais.

A próxima reunião está prevista para o fim de setembro e, em março de 2025, será a votação final para que um novo sistema de cobrança passe a vigorar em 2027, quando haverá penalizações para quem descumprir as regras.

A IMO definiu que até 2050, as empresas de transporte marítimo terão de zerar suas emissões.

Os armadores e tradings (que fazem a negociação das cargas do agronegócio) avaliam que esse sistema vai prejudicar fortemente o Brasil, um dos maiores exportadores de grãos do mundo e que desloca sua carga pela rota mais longa até a China, partindo do porto de Santos.

Além disso, como a maioria dos portos brasileiros não têm profundidade suficiente para o atracamento de navios Panamax, são utilizados navios menores, em maior número e mais antigos, o que resulta em maior volume de emissões.

Um exemplo: se vencer a proposta da UE e das ilhas do Pacífico de imposto US$ 150 por tonelada equivalente de gás carbônico, o preço da tonelada de soja transportada para a China subirá, pelo menos, US$ 14 a partir de 2027, segundo um estudo da Esalq.

Não por acaso, a Vale, um dos maiores exportadores de minério de ferro do mundo, investiu em frota própria de navios tão grandes que são chamados mundo afora de Valemax, uma referência aos navios Panamax, que transportam muito mais carga.

Com navios maiores, é possível diluir esse custo para continuar sendo competitivo. No entanto, os navios que operam nos portos brasileiros são antigos e com menos capacidade de transporte –o encarece demais a operação.

Com Diego Felix

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