Patrícia Campos Mello

Repórter especial da Folha, foi correspondente nos EUA. É vencedora do prêmio internacional de jornalismo Rei da Espanha.

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Patrícia Campos Mello
Descrição de chapéu Governo Trump Venezuela

E agora, Donald?

Ninguém sabe quais são os próximos passos na tentativa de mudança de regime na Venezuela

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Por enquanto, pouco mais de 500 militares e policiais venezuelanos desertaram.

Ou seja, não ocorreu a debandada geral que se esperava, e que minaria o apoio das forças ao ditador Nicolás Maduro, facilitando sua queda.

A ajuda humanitária enviada pelos EUA continua armazenada em Boa Vista, Cúcuta e Curaçao.

Ninguém sabe como, ou quando, vai sair de lá. Ninguém sabe como os caminhões vão conseguir passar pela fronteira e fazer chegar os remédios e comida para os venezuelanos que precisam deles.

Maduro pode piorar (se é que isso é possível) um pouco mais sua imagem internacional se prender o auto-proclamado presidente interino Juan Guaidó quando o oposicionista tentar entrar na Venezuela.

O ditador havia dito que Guaidó teria de prestar contas à Justiça quando voltasse ao país, porque estava proibido de deixar a Venezuela.

O governo americano já deu a entender que a prisão de Guaidó seria uma “red line”.

Em entrevista à Folha, a secretária adjunta de Estado para Hemisfério Ocidental, Kimberly Breier, disse que a prisão de Guaidó seria um “erro terrível” para o regime, e que talvez fosse “o último erro que o regime cometeria”.

Mas Maduro já mostrou algumas vezes seu lado camicase.

E os americanos precisam dar algum lastro a suas “red lines”.

Se Maduro prender Guaidó, o que vai acontecer? Mais sanções contra o regime? De fato, as últimas rodadas de sanções, principalmente as que atingiram a receita com vendas de petróleo da PDVSA, atingiram em cheio um regime que já estava falido financeiramente.

Mas sempre tem alguém para lembrar que os ditadores de Cuba e Coreia do Norte estão aí, apesar de anos de sanções e embargos.

Se não forem mais sanções, seria a vez das tais “todas as opções estão sobre a mesa”?

Mas quem conduziria uma intervenção? O Brasil já deixou claro que não embarca nessa.

A Colômbia, se puder evitar a superioridade militar venezuelana, também está fora. A não ser que forças americanas também se envolvam diretamente, o que não parece provável neste momento.

Se as “opções sobre a mesa” forem mais instrumento de pressão do que plano real dos EUA, o que se pode fazer daqui para frente? Oferta de anistia ainda não foi suficiente para convencer os militares que ainda amparam Maduro.

Mas, pior do que isso, e os coletivos e milícias criadas pelo chavismo, muito mais numerosos do que as forças regulares do exército venezuelano? Como convencer esse pessoal a abandonar o barco?

Vai ser difícil oferecer anistia para eles, que cometeram grande parte das piores violações de direitos humanos.

E agora, Donald?

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