Pedro Diniz

Jornalista com formação em comunicação audiovisual pela Universidade de Salamanca (Espanha).

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Pedro Diniz
Descrição de chapéu Moda

Prada afaga estilo de vida americano com calculado desleixo

Conforto e intimidade foram palavras-chave do desfile da coleção resort em Nova York

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Se há uma grife que pode analisar o espírito americano com algum distanciamento e, ainda assim, não soar caricata, é a Prada. E o fez, na noite de quinta-feira (2) em um espaço na zona industrial de Nova York, chamado Piano Factory, onde está instalada sua sede nos Estados Unidos.

A origem italiana da grife e o olhar afiado da estilista Miuccia Prada para os humores sociais diferenciam sua leitura de mundo daquelas criadas por grifes americanas, como Ralph Lauren e Calvin Klein, que recentemente engendraram coleções sobre a cultura local.

O desfile de Resort 2020 da Prada é menos um compilado histórico sobre as raízes dos armários western e preppy, assuntos dos desfiles da semana de moda de Nova York, e é mais um afago numa sociedade que vive tempos belicosos e olhares enviesados da comunidade internacional.

Conforto e intimidade são as palavras-chave desse desfile, realizado em um espaço que reproduzia uma sala de estar gigante rosa, com convidados tão diferentes como o diretor Baz Luhrmann e a Gina Weasley, personagem de “Harry Potter”, sentados lado a lado em clima intimista.

A ideia de diversidade explícita nos rosto dos mais de 200 convidados norteou os conjuntos que emulavam os arquétipos americanos, como a executiva de Wall Street, composta em trench coats combinados a conjuntos de trabalho, e a fashionistas abastada do Upper East Side.

Prada mistura os elementos da estética que a tornou reconhecida, com a silhueta anos 1950 revista em pequenos florais e proporções ampliadas, com várias sobreposições de camisas, saias, blusas e pulôveres para alcançar a imagem de proteção contra algo externo, um conforto vestível.

Ela já havia aplicado essa ideia na coleção que desfilou em Milão, na última semana de moda, em fevereiro passado, mas em vez do tom rígido dos pretos e cáquis, adere à cartela colorida, com destaque para os padrões listrados que remetem à bandeira americana.

Nos pés, em meio ao caldeirão de referências ao guarda-roupa de classes, havia pares de tênis All Star de cano médio, peças emblemáticas do estilo americano difundidas como símbolos de rebeldia.

A grife joga com os looks cebola, como são chamados os conjuntos com várias camadas, em peças que podem ser desmembradas, usadas separadamente. Os casacos de camurça, as camisas longas de algodão e as saias mídi, descombinadas, têm alto poder comercial.

Espécie de coleção para meia-estação, entre o inverno e o verão, a resort  —ou cruise para algumas grifes— se tornou importante porque não carrega o peso das coleções ditas oficias de prêt-à-porter.

Elas têm como propósito de atingir um púbico mais amplo e permitir às marcas se desgarrar das tendências.

Ao brincar com a questão de intimidade, da roupa que não enfrenta olhares inquisidores do mundo exterior, a Prada ironiza o mundinho de aparências da moda e entrega uma coleção confortável, de um desleixo calculado e usável.


O jornalista viajou a convite da Prada

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