Pedro Luiz Passos

Empresário, conselheiro da Natura.

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Já não se trata de decidir quando se integrar à economia global, mas sim como fazê-lo

Os benefícios da abertura econômica estão cada vez mais claros e caminham para o consenso

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Contêineres empilhados em terminal no porto de Santos (SP)
Contêineres empilhados em terminal no porto de Santos (SP) - Zanone Fraissat - 13.jan.16/Folhapress

A necessidade de abertura da economia, um dos ingredientes-chave para energizar o crescimento, vai aos poucos se inserindo no centro das discussões sobre as causas da decadência econômica do país.

Já era tempo. As grandes potências do mundo se movimentam desde a ascensão da China como nau capitânia do comércio internacional e entraram em frenesi com a volta do unilateralismo protecionista aos EUA de Donald Trump. O Brasil parece jogar parado, repetindo a apatia da diplomacia comercial dos últimos governos. Prefere o papel de coadjuvante, quando as circunstâncias exigem protagonismo.

Menos mal que haja sinais de que tal timidez esteja sendo questionada. Entidades de diferentes origens e perfis têm destacado a importância da abertura econômica como parte da solução de nossos problemas históricos. Os estudos por elas produzidos mensuram os benefícios da abertura e se contrapõem às previsões dos críticos à iniciativa, segundo os quais o intercâmbio mais intenso com o exterior derrubará o crescimento, o nível de emprego e a renda familiar, além de acentuar a desigualdade e levar setores ao encolhimento ou desaparecimento.

Nada disso. Em estudo divulgado no mês passado, o Banco Mundial defende que a liberalização da economia promoverá um aumento da taxa média de crescimento de 2% ao ano. No plano interno, a Secretaria de Assuntos Estratégicos, SAE, comunga da mesma convicção após analisar 24 países em desenvolvimento e identificar, entre eles, uma expansão real adicional de 2% ao ano no PIB, graças aos efeitos da abertura. Trata-se de índice semelhante ao registrado pelo Ipea em trabalho que veio a público na semana passada.

A SAE também constata que, ao contrário do que vaticinam os opositores, a taxa de desocupação não subiria num ambiente menos protecionista —até cairia um pouco, 0,015%. Observa ainda que 75% dos setores analisados apresentariam saldo positivo na geração de vagas. As consequências da abertura no campo social seriam igualmente benéficas, aponta outra conceituada entidade, a OCDE. A renda das famílias, segundo ela, cresceria 8%, favorecendo a parcela mais pobre da população, cujos ganhos se situariam entre 9% e 15%.

A raiz de tais conquistas reside na aproximação do país com o exterior. Por um lado, a concorrência para as empresas aqui instaladas se intensificaria, mas, por outro, elas teriam acesso a bens e serviços importados de custo menor e tecnologia mais avançada, criando ambiente fértil para inovação e avanços na produtividade. Esse movimento impulsionaria o empreendedorismo tecnológico e os investimentos.

Quem resiste às mudanças são grupos apegados aos privilégios da proteção e acomodados pela falta de concorrência. Tornou-se conveniente ignorar os méritos da abertura. A cultura protecionista nos impediu de colher os benefícios da globalização, ao contrário de todos os emergentes que elevaram seus padrões de renda. Agora, não há alternativa; já não se trata de decidir quando estreitar as conexões com o mundo, mas de como fazê-la.

O caminho mais ágil é se integrar aos acordos comerciais já existentes. Hoje, eles definem ritmo e parâmetros que regem o comércio internacional. Isso não nos impede de reduzir unilateralmente as tarifas de importação, medida que julgo fundamental para acelerar a abertura. O prazo desse processo deve ser estabelecido de forma a induzir a adaptação das empresas ao novo cenário, sem criar condições para postergações como rotineiramente acontece.

O que não podemos é ficar rolando a bola para os lados, acuados pelos adversários que jogam atacando.

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