Priscilla Bacalhau

Doutora em economia, consultora de impacto social e pesquisadora do FGV EESP CLEAR, que auxilia os governos do Brasil e da África lusófona na agenda de monitoramento e avaliação de políticas

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Nota baixa internacional

Desde que o Brasil começou a participar dessa avaliação internacional, tem apresentado resultados pífios

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Para aqueles que estiveram na sala de aula nos últimos anos, seja como estudantes, professores ou gestores, não é surpresa que a pandemia tenha impactado profundamente os processos pedagógicos. Longos períodos de escolas fechadas afetaram a forma de ensinar, socializar e, consequentemente, o quanto os alunos aprenderam. Apesar de não ser surpresa, as avaliações contribuem para um diagnóstico preciso do que ocorreu com a aprendizagem nesse período.

Esta semana, os resultados do PISA, Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, aplicado em 2022, foram divulgados. Este foi o primeiro realizado desde o início da pandemia. O principal objetivo do PISA é avaliar o desempenho de estudantes de 15 anos em leitura, matemática e ciências, proporcionando uma visão abrangente das competências adquiridas durante a educação básica.

Desde que o Brasil começou a participar dessa avaliação internacional, tem apresentado resultados pífios na comparação global. Nesta última edição não foi diferente.

Com uma amostra representativa de quase 11 mil estudantes, o PISA indica que 73% dos estudantes brasileiros não alcançaram o nível básico. Esses estudantes não sabem, por exemplo, fazer uma conversão simples de moedas ou comparar distâncias, competências esperadas para essa idade. A média dos países da OCDE foi de 31%.

Apesar desse baixo resultado, o secretário-executivo da OCDE elogiou o fato de a performance não ter piorado em relação à edição anterior de 2018, ao contrário do que ocorreu em países mais ricos. Contudo, não há motivos para comemoração no Brasil: são anos de evidências acumuladas de estagnação nos baixos níveis de aprendizagem. Além das médias extremamente baixas, há grandes desigualdades entre escolas públicas e privadas, estudantes de baixo e alto nível socioeconômico, e regiões do país.

Os dados mais recentes do PISA trazem elementos para delinear a crise de aprendizagem no mundo, mas é preciso ir além.

O MEC indicou intenção de expandir a amostra quatro vezes, mas a amostra atual do PISA já é suficiente para realizar a comparação internacional. Uma expansão do PISA também não ajudaria a medir a implantação do currículo nacional. Além disso, com a avaliação nacional, o Saeb, já sabemos que o desempenho do sistema educacional está aquém do desejado e podemos aprofundar a análise no contexto nacional a partir dele.

Qualquer que seja a avaliação, ela é apenas o primeiro passo. É crucial que seus resultados sejam utilizados para melhorar a formação de professores, a prática em sala de aula e recompor aprendizagens. Apenas assim se mudará o cenário de crise que vem se desenhando desde muito antes da pandemia.

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