No início do ano, Dorival Júnior só queria duas contratações para o São Paulo: dois atacantes velozes. Não é o caso do meia Nenê, contratado sexta-feira (26), do Vasco. Também não é a característica principal do colombiano Tréllez, centroavante, ex-Vitória.

Logo depois da derrota para o Corinthians, na entrevista coletiva, Dorival Júnior deu boas-vindas a Nenê e Trellez, mas deixou claro que estava procurando jogadores de outras posições.

Algumas contratações podem funcionar mais como cascas de banana do que como reforços de verdade. O nome de Nenê é pomposo e obriga a que esteja em campo. Só que a necessidade do São Paulo é outra.

Em agosto, o nome do atacante David, do Vitória, foi colocado em pauta. Está no Cruzeiro. Scarpa mudaria o patamar do time. Foi para o Palmeiras. Quando começaram estas negociações, o diretor de futebol era Vinicius Pinotti. Raí e Ricardo Rocha talvez não suspeitem de que o pedido pelo ponta do Vitória foi feito há cinco meses.

Não veio.

O clássico contra o Corinthians evidenciou a sequência de um problema crônico são-paulino: falta de finalização. No Brasileirão, foi líder de posse de bola e décimo colocado em chutes. No clássico, teve 62% de posse de bola e finalizou três vezes ao gol de Cássio.

Melhorou na qualidade das jogadas, porque trabalhou a bola e não as rifou em cruzamentos. Foram 41 bolas cruzadas contra o Mirassol e 27 com o Corinthians. No clássico, a bola rodou até encontrar a chance do passe no ponto mais frágil da defesa corintiana: Juninho Capixaba.

Jucilei conseguiu duas inversões do lado da jogada, que surpreenderam a defesa do Corinthians na lateral esquerda. Numa delas, Marcos Guilherme fez o gol, mas em impedimento, por centímetros.

O São Paulo seguirá tendo posse de bola e continuará sem o drible e sem a velocidade com Nenê e Trellez.

O Corinthians não perde há sete clássicos e só foi derrotado em 18% dos 33 disputados nesta década - incluindo 2010. É uma inversão de tendência com os primeiros dez anos do século, período em que houve 35 jogos
Corinthians x São Paulo e os corintianos venceram só nove (25%).

Mesmo com tudo isso, não pense que está tudo bem no Corinthians. Fábio Carille foi cirúrgico ao afirmar na entrevista coletiva que precisa ter mais a bola no pé, se quiser continuar jogando com Jádson e Rodriguinho como meias. Se só Gabriel faz a cobertura, perder a bola significa chance de gol do rival.

O Corinthians sofreu gol em três de seus quatro jogos deste início de 2018. Todos eles pelo setor esquerdo da defesa. No ano passado, levou gol só em uma de suas quatro primeiras partidas.

Felipe Saraiva, da Ponte, e Léo Castro, da Ferroviária, marcaram em jogadas pelo setor de Capixaba. O mesmo lugar de onde Militão cruzou para Brenner. A bola cruza a pequena área corintiana como não acontecia antes.

O ataque melhorou. São números incipientes, pela qualidade dos adversários dos estaduais, mas ano passado o Corinthians fez três gols nos primeiros quatro jogos. Em 2018, já são oito marcados.

E olha que o centroavante titular não fez nenhum.

Crédito: Editoria de arte/folhapress

O AMULETO

Fazia tempo que o Palmeiras não tinha um jogador que, como Keno, muda o jogo quando entra no segundo tempo. Muito mais do que quando começa a partida. Na história, Fedato e Euller tinham esta característica no Palmeiras. Keno entrou e ajudou o Palmeiras a vencer.

BARÇA DE COUTINHO

A primeira posição de Coutinho no Barcelona é meia, aberto pela direita. É o mesmo setor em que é titular na seleção brasileira, mas com outro desenho, porque o Barça joga num 4-4-2. Tite pensa igual, mas acha que Coutinho aos poucos pode vir para a faixa central do campo.