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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Atuação do Corinthians sem uma referência lembra Zagallo em 1996

Ex-técnico da seleção disse que, no futuro, futebol seria jogado no esquema 4-6-0

Mario Jorge Lobo Zagallo comanda a seleção brasileira de futebol durante a Copa do Mundo da França de 1998
Mario Jorge Lobo Zagallo comanda a seleção brasileira de futebol durante a Copa do Mundo da França de 1998 - Gabriel Bouys/AFP

Foi logo depois de empatar com a Rússia, em Moscou, por 2 a 2, em 1996, que Zagallo mandou a frase que muita gente julgou uma pérola. Ele falava que o futuro do futebol seria no 4-6-0. Referia-se à atuação de Donizete, ex-Botafogo, que estava no Benfica (POR), atacante que se movimentava por todo o campo e não dava referência ao time rival.

“É o que vejo para o futuro do futebol. Os atacantes voltam para fazer marcação no meio-de-campo, movimentam-se pelo campo todo e chegam na área para finalizar”, afirmou Zagallo. A frase foi publicada pela Folha no dia 30 de agosto de 1996, matéria do jornalista Arnaldo Ribeiro.

A lembrança de Zagallo tem tudo a ver com o desempenho do Corinthians no clássico de sábado (24), contra o Palmeiras, pelo Campeonato Paulista. “Era 4-4-2 sem a bola, 4-2-4 com a bola. A ideia era essa”, explicou Carille.

Só que os dois da frente eram meias, Jadson e Rodriguinho. Os atacantes de origem jogavam pelos lados e marcavam os laterais. Romero pela direita, Clayson pela esquerda. 

Jadson e Rodriguinho rodavam no ataque e, quando o Corinthians defendia, ficavam à frente do sistema de marcação. Como hoje se joga em 25 metros, estavam no final desse espaço entre o primeiro zagueiro e o último atacante. 

Vai ser impossível criar um sistema 4-6-0, como previu Zagallo. Mas um time que movimente todo o ataque é possível. O Flamengo de 1981 era assim, embora tivesse Nunes como centroavante. O São Paulo, de Telê Santana, não tinha centroavante, em 1992 e 1993, nas duas campanhas dos Mundiais de clubes. Com Cruyff como técnico, o Barcelona variava entre Julio Salinas e Stoitchkov, antes da chegada de Romário.

Com ou sem centroavante, dependendo do jogo. Carille fez isso.

Na sexta-feira (23), o técnico mais sincero do Brasil foi cínico. Anunciou a escalação, com a maior sinceridade possível. Questionado se Romero seria a referência, respondeu: “Pode ser a referência também.” Não mentiu. Também não disse que Romero jogaria pela direita, como jogou.

Ao Palmeiras, cabia impor seu jogo. Não conseguiu. O Corinthians que no ano passado foi muito mais letal quando não teve a bola, fez sua melhor partida neste ano quando conseguiu tirar a posse do rival aparentemente mais forte. A pergunta é se Carille achou o time para o resto da temporada ou se a Libertadores exige um time de menos toque e mais força.

MAIS UM FRACASSO

O São Paulo jogou com Hudson e Petros como volantes e sem Nenê. Sinal de que Dorival Júnior preferia mesmo um meia veloz pelo lado do campo a ter Nenê na equipe titular. Dorival Júnior não pediu e preferia não ter a contratação do meia, ex-Vasco da Gama.

Só que com Valdívia, o São Paulo também não conseguiu jogar bem. Teve 64% de posse de bola e segue sendo o líder do Campeonato Paulista – só neste quesito. Chutou oito vezes ao gol, mas não marcou. 

Dorival Júnior não gostava da ideia de continuar com Pratto na equipe, preferia não ter recebido nem Nenê nem Trellez. 

Não é razão para perder do Ituano e São Bento, empatar com a Ferroviária e Novorizontino e perder dois clássicos. No Estadual, o São Paulo ganhou três vezes e perdeu quatro.

GUARDIOLA

O primeiro título de Guardiola como técnico do Manchester City veio junto com o retorno de Gabriel Jesus. Tite olhou com atenção, porque o Arsenal, o adversário, joga com linha de cinco defensores, a grande preocupação do técnico da seleção para a Copa do Mundo da Rússia, em 2018.

ERRATA

A última sequência de quatro vitórias consecutivas no clássico Corinthians e Palmeiras foi em 1985, não em 1964, como na coluna de domingo (25). O Corinthians venceu quatro seguidas daquela vez. Entre o 1 a 0 de 1983 e o 1 a 0 de 1985. Cinco seguidas, só o Palmeiras, entre 1931 e 1934.

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