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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Palmeiras tem time B, de Brasileiro, e o C, de Copas

Felipão fez sua equipe ser estar viva na Libertadores, no Brasileiro e na Copa do Brasil

Felipão grita com os jogadores do Palmeiras durante jogo válido pelo Campeonato Brasileiro - Cesar Greco/Ag. Palmeiras/Divulgação

O volante André Vieira foi campeão da Libertadores pelo Grêmio em 1995 e ficou famoso por popularizar um apelido no futebol gaúcho: Banguzinho. Foi assim que designou os reservas de Felipão, escalados regularmente na campanha do título estadual daquele ano. 

Enquanto titulares como Paulo Nunes, Jardel, Dinho e Carlos Miguel jogavam a Libertadores, o Banguzinho vencia e avançava no Gauchão.

No Grenal da decisão, Felipão escalou quatro titulares e sete suplentes. Venceu por 2 a 1 e levantou a taça.

Qualquer semelhança com o Palmeiras de 2018 não é mera coincidência. Em seus primeiros dez jogos no retorno ao Parque Antarctica, Felipão disfarçou, mas definiu duas equipes distintas. O Palmeiras não tem time A. Tem o time B, de Brasileiro, e o time C, de Copas.

Com mesclas, poucas, o time B joga aos domingos com Wéverton, Marcos Rocha, Luan, Gustavo Gomez e Victor Luís; Thiago Santos; Jean, Lucas Lima, Hyoran e Deyverson. Bruno Henrique, hoje machucado, Dudu ou Felipe Melo ajudam a completar a formação.

Às quartas-feiras, o time da Copa do Brasil e da Libertadores tem Wéverton, Mayke, Antônio Carlos, Edu Dracena e Diogo Barbosa; Felipe Melo e Bruno Henrique; Willian, Moisés e Dudu; Borja. Vai mudar na próxima quarta-feira (12), com Felipe Melo suspenso contra o Cruzeiro, pela Copa do Brasil. Significa que jogará o clássico deste domingo (9), no time B, de Brasileiro.

Há 25 anos se diz que os estaduais não valem nada, mas só Felipão teve coragem de jogar duas finais contra o maior rival com time misto. 

Além do Grenal de 1995, foram dez suplentes na decisão do Paulista de 1999, Palmeiras x Corinthians, com Roque Júnior improvisado como volante. 

“Ele só faz isso quando confia no elenco, como está fazendo atualmente”, diz o goleiro Marcos, poupado naquela final para ser titular na decisão da Libertadores, três dias depois, contra o Deportivo Cali. O Corinthians venceu aquele clássico por 3 a 0, mas com o segundo gol marcado num pênalti duvidoso, aos 45 minutos, e o terceiro, aos 50 minutos da etapa final.

O Banguzinho do Grêmio foi uma fábrica de heróis. Vágner Mancini fez o gol decisivo na semi contra o Juventude e brilhou na final contra o Inter. 

“O jogador, no Brasil, precisa mais de carinho do que na Europa, porque aqui apanha demais da torcida e da imprensa. Quando o Felipão chegava para a gente e mostrava confiança, o time crescia. Vi a saída do campo depois da derrota do Palmeiras para o Cerro Porteño. Felipão beijava os jogadores um a um. Ninguém esquece”, diz Mancini.

É impossível dizer que o Palmeiras vencerá o Dérbi ou se ganhará um troféu em 2018. Mas dá para dizer que Felipão fez sua equipe ser a única do Brasil viva na Libertadores, no Brasileiro e na Copa do Brasil. 

Dizem que o Palmeiras é o único elenco capaz de mesclar jogadores e ter resultado. Um mês atrás, ninguém acreditava em Mayke, Luan, Deyverson e Hyoran. Estão jogando muito.

O Corinthians tem técnico novo e confia no passado. Só perdeu um dos últimos sete encontros com o Palmeiras. No Allianz Parque, venceu três e empatou um dos seis Dérbis. 

Impossível tirar o peso do clássico para os corintianos. A oitava colocação incomoda e a distância para a zona de classificação da Libertadores é de oito pontos. 

No Palmeiras, é diferente. A torcida não aguenta mais perder para o rival, mas Felipão fez questão, desde o jogo contra a Chapecoense, domingo passado (2), de dizer que ia com atletas poupados na Copa do Brasil.

Tirou a importância e vai com o Banguzinho. Se perder, já evitou a crise.

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