Depois da Copa, o São Paulo marcou nove gols, sete em momentos das partidas em que tinha menos posse de bola do que o adversário. As exceções foram os de João Rojas e Trellez, contra o Vasco.
Havia passado um minuto de jogo no Morumbi quando Militão cruzou, o zagueiro vascaíno Ricardo Graça se atrapalhou e a bola ricocheteada foi parar no fundo da rede. Quando Trellez marcou o 2 a 1, o São Paulo tinha 52% de posse de bola. Mas a jogada foi de contra-ataque.
O Flamengo também fez oito gols depois da Copa, mas todos em situações de mais controle do jogo. A única exceção foi contra o Santos. O Flamengo tinha mais posse de bola, não mais domínio da partida.
Os conceitos de ataque e defesa não são tão inseparáveis quanto na política, porque jogos e campeonatos ganham-se das duas maneiras.
Mas a última vez que o Brasileirão teve um campeão que se impunha pela troca de passes foi com o Cruzeiro, bicampeão em 2013 e 2014. Aquela equipe tinha velocidade, tabela, era envolvente, ofensiva, controlava os jogos, matava os adversários.
Seu técnico, Marcelo Oliveira, questionado sobre a possibilidade de o entendimento de Ricardo Goulart e Éverton Ribeiro ser reflexo dos dias seguidos de treinos, respondia: “Não. Eles se entendem pelo olhar, como Reinaldo e eu no Atlético dos anos 1970.”
Nos últimos cinco anos, houve campeões de estilos diferentes. O Corinthians trocava passes em 2015 e entregava a bola ao adversário em 2017, com Carille. O Palmeiras de 2016 era ofensivo, mas definia as jogadas com rapidez.
O São Paulo assumiu a liderança do Brasileirão com característica antagônica à do Flamengo, o primeiro colocado por 13 das 17 rodadas.
O São Paulo tem enorme dificuldade quando precisa vencer defesas fechadas. Contra o Colón, pela Sul-Americana, trocou passes sem profundidade, fez 36 cruzamentos por não conseguir entrar na área e perdeu por 1 a 0, no Morumbi. Contra o Vasco, venceu quando teve a chance do contra-ataque. Não é pecado.
O Flamengo prefere empurrar o adversário para seu campo, mesmo quando perde. Teve 65% de posse de bola contra o Grêmio, mas finalizou menos. Não foi incisivo.
É o time que mais finaliza no Brasileirão e o que mais desarma. Quando perdeu a liderança, poupou quatro jogadores por causa do confronto contra o Cruzeiro na Libertadores, na quarta (8). Neste ano, é o time com menor número de derrotas (6) entre as equipes das Séries A e B.
Maurício Barbieri tem 24 jogos pelo Flamengo, Diego Aguirre, 26 pelo São Paulo. Os dois transformaram a realidade de seus times. As conversas com jogadores indicam que eles acreditam nos treinos de Barbieri. A qualidade do trabalho melhorou, os treinamentos reproduzem situações de jogo e a marcação é compacta desde o ataque.
Aguirre conta com o apoio de Raí. A direção conseguiu recuperar o que havia de melhor na década passada: olhar no olho e falar a verdade com os jogadores. Taticamente, o São Paulo tem mais problemas. Diego Souza e Nenê não participam da marcação. Ficam à frente das duas linhas de quatro. O resto do time trabalha muito defensivamente. O São Paulo é o novo líder do Brasileirão depois de três anos por essas razões.
Felipão estreia
Seria simplista dizer que Felipão fez dois jogos sem fazer gols e perdendo dois pênaltis, dois 0 a 0, porque Felipão não era o treinador no banco de reservas contra o Bahia. Contra o América, o Palmeiras foi melhor no primeiro tempo, piorou no segundo e recuperou-se com as alterações.
Libertadores
O Colo-Colo, quinto colocado do Campeonato Chileno, será o adversário do Corinthians. Com Valdivia, perdeu para o Temuco. Não está bem. Para o Palmeiras, a vida será mais difícil, porque o Cerro Porteño tem duas vitórias e dois empates nas quatro primeiras rodadas do Campeonato Paraguaio.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.