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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Copa do Brasil terá final da marcação, não da criação

Cruzeiro é melhor quando visita, e Corinthians nunca perdeu tanto em seu estádio

Homem de branco disputa bola com homem de preto, em estádio
Geuvânio, do Flamengo, disputa bola com Gabriel, do Corinthians, em partida da sexta (5), pelo Campeonato Brasileiro - Paulo Whitaker/Reuters

A sexta derrota do Corinthians em Itaquera neste ano dá a noção de que a vantagem de jogar em casa a segunda partida final da Copa do Brasil pode não ser tão grande quanto parecia no dia do sorteio.

Vai depender do comportamento do Cruzeiro no jogo de ida, quarta-feira (10), no Mineirão. Dos cinco mata-matas disputados pela equipe mineira em casa, três pela Copa do Brasil e dois da Libertadores, Mano Menezes não viu seu time vencer nenhum.

Em quatro das cinco vezes, o Cruzeiro se classificou porque ganhou como visitante antes de ser anfitrião. Na quinta vez, foi desclassificado pelo Boca Juniors, empatando em Belo Horizonte, depois de ter perdido em Buenos Aires.

Aos 20 minutos do segundo tempo, Edílson recebeu na ponta direita e foi cercado por três marcadores do Boca. Não tinha opção de passe para a frente e recuou para Henrique. O volante, então, tocou em direção à grande área e projetou-se para a lateral do campo. Recebeu outro passe, mas cercado por quatro marcadores. O Cruzeiro caía assim na arapuca que se acostumou a montar contra seus adversários. Bloqueia os corredores e diminui o espaço entre as linhas, mas não tem repertório quando o rival faz o mesmo.

É o caso do Corinthians. Jair Ventura estreou com derrota para o Palmeiras, no Allianz Parque, três dias antes de inaugurar as semifinais da Copa do Brasil contra o Flamengo, no Maracanã. Ventura escalou o time da emergência no Rio. Três volantes.

Não chutou nenhuma vez ao gol de Diego Alves, goleiro rubro-negro. Levou a definição da vaga para Itaquera, onde optou pelo meia Mateus Vital no lugar do cabeça-de-área Gabriel. Ficou um pouco mais solto. Um pouco. A mesma formação levou uma surra do Flamengo na sexta (5): 3 x 0. Pode significar que Ventura leve ao Mineirão, outra vez, a equipe da emergência. Nesse caso, segura outro 0 x 0 e decide em São Paulo.

Ocorre que o Cruzeiro é muito melhor quando visita do que quando recebe, e o Corinthians nunca perdeu tanto em seu estádio desde a inauguração, em 2014. São 151 partidas em Itaquera, 15 derrotas, 6 delas neste ano.

É incrível como o futebol brasileiro tem mais equipes confortáveis quando se defendem do que quando atacam. O Flamengo é o time com mais rodadas na liderança do Brasileiro. Disputou 28 partidas do campeonato e só em 3 delas ficou menos tempo com a bola do que o adversário.

Na estreia, empate contra o Vitória, no décimo jogo, contra o Fluminense, e nos 3 a 0 sobre o Corinthians. Quando entregou a bola ao rival, não perdeu. Nas outras, ficou marcado como time de armandinhos. Toca, toca e não entra.

Talvez essa febre de marcação seja fruto de tantas mudanças de elenco e da falta de treinos provocada pelo calendário insano. Mano Menezes assumiu o Cruzeiro em julho de 2016, quatro meses depois de Guillermo Barros Schelotto estrear pelo Boca.

Quarta-feira (3), os dois se encontraram no Mineirão. Mano completava 164 jogos em sua segunda passagem pela Toca da Raposa. Schelotto chegava à sua partida número 106. São quatro meses a menos de trabalho de Mano e 58 compromissos a mais. Déficit de cem treinos, aproximadamente. O resultado é que o Brasil de hoje apenas marca e não consegue criar.

Ida e volta

A vitória do Palmeiras sobre o São Paulo no clássico marcou o primeiro Campeonato Brasileiro com vantagem verde no turno e no returno, contra o rival. Não se trata apenas dos pontos corridos, mas de toda a história do Brasileiro. No estadual, o Palmeiras não ganhava nos dois turnos desde 1996.

Caindo

Raí deu a cara a tapa depois da derrota no clássico e admitiu que o São Paulo caiu muito de produção. Aguirre não consegue escalar os quatro jogadores mais ofensivos. Com Nenê, Diego Souza, Éverton e Rojas juntos, foram 7 partidas, 5 vitórias, 1 empate e 1 derrota. Foi quando chegou à liderança.

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