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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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O Corinthians bom e barato precisa resistir ao êxodo

A decisão de ganhar títulos exige olhar apurado para contratar e esforço para manter o elenco

Homem com camiseta branca de costas, com fundo esfumaçado
Romero, do Corinthians, durante partida pela final da Copa do Brasil, contra o Cruzeiro - Danilo Verpa/Folhapress

​O Corinthians não jogou bem até o golaço de Jádson, aos 30 minutos do primeiro tempo, no Barradão. Jair Ventura mudou o time outra vez. Em vez de optar por Roger, liberado depois de ser vetado na Copa do Brasil por já ter disputado o torneio pelo Internacional, o centroavante foi preterido por Émerson na equipe titular. Em 5 dos 11 jogos sob o comando de Jair, o Corinthians não fez gol. A maior urgência é evidente: atacar.

O maior problema não é tão claro. A crise do Corinthians, a discussão exagerada sobre a chance de rebaixamento, tudo isso teve início depois da janela de transferências, que levou ao exterior sete jogadores e toda a comissão técnica. Saíram Rodriguinho, Balbuena, Maycon, Sidcley e os menos cotados Kazim, Léo Príncipe e Marquinhos Gabriel.

Há um ano, o slogan de Fábio Carille para ser campeão brasileiro era: "Meu maior reforço é não perder ninguém." O Corinthians foi campeão brasileiro sem perder nenhum titular, da formação mais escalada em conjunto, na história corintiana. Cássio, Fágner, Balbuena, Pablo e Arana; Gabriel; Jádson, Rodriguinho, Maycon e Romero; Jô. Nos 14 jogos disputados por esta formação, uma derrota apenas, para a Ponte Preta.

Da equipe histórica, campeã brasileira, sobraram Cássio, Fágner, Jádson e Romero como titulares. Muito pouco.

Uma coisa é perder jogadores como Jô, Pablo e Arana logo depois da campanha do título. Outra foi perder sete jogadores para o exterior durante a janela de transferências e também o treinador. Andrés Sanchez costuma responder: "Qual time perdeu toda a comissão técnica e quatro meses depois estava disputando um título?" Apesar da pergunta pertinente, sua crença na impossibilidade de manter o elenco explica a dificuldade do segundo semestre."Não tem jeito", afirma Andrés, sobre tentar resistir ao êxodo. 

Luan continua no Grêmio, Dudu segue no Palmeiras, até Lucas Paquetá, vendido, jogará o Brasileiro até a última rodada. O Flamengo perdeu Vinícius Júnior e Felipe Vizeu em maio. Junto, afastou-se do sonho do campeonato.

O Corinthians não será rebaixado. Apesar de ser precoce afirmar isto com o risco que, de fato, existe, não parece concreta a ameaça do descenso. O risco é outro: afastar-se dos títulos. Andrés afirma que o time será forte em 2019, porque será a sequência deste final de ano e trará novos jogadores.

A aposta é no amadurecimento de Araos e Sergio Diaz e em jovens como André Luís, contratado da Ponte Preta.

Há uma década, esta política era chamada no Palmeiras de "bom e barato." Saiu caro. Mas não era tão diferente o São Paulo, tricampeão brasileiro, que contratou a baixo custo e transformou em ídolos jogadores como Miranda, Lugano, Josué, Danilo e Aloísio.

A decisão de ganhar títulos exige olhar apurado para contratar e esforço para manter o elenco. Volte no tempo e pense em qual campeão brasileiro perdeu sua base durante a campanha. Desde o Cruzeiro de Alex, no primeiro Brasileiro dos pontos corridos, em 2003, o campeão resiste ao êxodo pelo menos até levantar o troféu.

Para ser forte de novo no ano que vem, o Corinthians precisará criar condições para fazer o mesmo.

Corinthians campeão resistiu ao êxodo

PVC 22/10 campinho

Corinthians com Emerson e Romero ponta-esquerda

PVC 22/10 campinho

Os quatro de Felipão

Felipão não quis ser explícito sobre as mudanças na defesa, mas deve ter Luan e Gustavo Gomez contra o Boca Juniors, na Libertadores, na quarta. Aos poucos, mexe na equipe titular e na alternativa para o Brasileiro. Mas sempre tem dois a quatro titulares no campeonato que lidera. No domingo, foram Wéverton, Felipe Melo, Bruno Henrique e Willlian. No aperto, entra Dudu.

A novidade

No país da bola parada e do contra-ataque, a novidade é o Fortaleza do técnico Rogéri Ceni. No sábado (20), contra o Paysandu, Rogério terminou a partida com um único zagueiro de ofício. Com dois centroavantes, fez 1 a 0, gol de Gustavo, que não marcava havia oito partidas. Tem sete pontos de vantagem para ser campeão da Série B do Brasileiro.

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