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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Investimento produz grandes elencos, mas ainda sem os craques decisivos

Do clássico de sábado, apenas Cássio, Fagner, Borja e Felipe Melo estiveram em Mundiais

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São Paulo

A principal razão para o dérbi não ter resultados espelhados pelo nível de investimento desde a chegada da Crefisa é que os craques brasileiros não jogam no Brasil. Na era Parmalat ou na época da Hicks Muse, havia jogadores de Copa do Mundo aqui. Era o Palmeiras de Edmundo, Mazinho, Roberto Carlos, César Sampaio, Zinho, Marcos. Ou o Corinthians de Rincón, Vampeta, Edílson, Gamarra, Luizão, Dida. Todos os citados estiveram pelo menos em uma edição de Copa.

Do clássico disputado sábado, com mais força do que técnica, apenas Cássio, Fagner, Borja e Felipe Melo estiveram em Mundiais. Cássio não entrou em campo, Borja disputou um minuto, Felipe Melo e Fagner só não foram mais coadjuvantes nas campanhas de 2010 e 2018 porque foram protagonistas em falhas decisivas.

Leia também: Era Crefisa não confirma domínio histórico de rico no dérbi

Há grandes jogadores no país, como Dudu e Bruno Henrique, de renovações milionárias nas últimas semanas. Carlos Eduardo custou R$ 23 milhões ao Palmeiras em dezembro, a mais cara contratação dos R$ 61 milhões gastos em reforços. Saiu no intervalo sem acertar nenhuma jogada.

O dinheiro monta grandes elencos, mas ainda não traz os craques que decidem jogos. No Brasil não tem Messi, Cristiano Ronaldo, Neymar, nem Zico e Sócrates. Nem equipes montadas para jogar coletivamente a ponto de quebrar bons sistemas defensivos.

 

O Corinthians jogou sábado como na melhor versão Fábio Carille. Teve 36% de posse de bola e saiu vencendo por 1 a 0 depois de 45 minutos por causa de uma falta nos arredores da grande área. A estrutura tática tinha linha de quatro defensores, Ralf na cabeça de área, mais quatro meio-campistas espalhados atrás de Gustavo, com Jadson escalado na ponta esquerda, função sobre a qual disse a Carille em dezembro de 2017 não gostar de atuar.

Eterno reserva desde sua contratação, Mateus Vital foi o responsável pela jogada do gol do título paulista, feito por Rodriguinho, em abril, e vítima da falta que resultou na cabeçada de Gustavo e gol de Danilo Avelar, no rebote. Aos 7 minutos, o Corinthians fez 1 a 0.

Felipão assistiu à sua equipe cruzar 40 vezes para a grande área em busca de um gol de cabeça. Faltou repertório de triangulações pelo chão. Futebol hoje é cada vez mais um jogo de superioridade numérica no setor. Se não houver três contra dois quando Dudu receber a bola na ponta, dificilmente o gol nascerá de um drible. Justamente porque os craques de Copa do Mundo não jogam no Brasil, como acontecia na época da Parmalat, Hicks Muse ou MSI.

O agravante é a troca constante de treinadores e sistemas de trabalho. Isso não vale para Felipão, que poderia ter cardápio mais variado para vencer o primeiro clássico contra o Corinthians do ano, depois de seis meses na Academia e do título brasileiro. A estratégia defensiva do Corinthians ajudou a vencer o dérbi sem brilho, mas com mérito.

A conta justa

Pela primeira vez, um clube brasileiro deu sua opinião sobre a suposta elitização do futebol brasileiro, que a este colunista não parece existir. O Palmeiras mostrou como o ingresso mais barato, em 2008, custava R$ 58, e hoje, custa R$ 48 para quem vai sempre. O Palmeiras tem o ingresso mais caro do Brasil, mas também a segunda melhor média de público.

Em 2008, o Palmeiras foi campeão paulista com média de 24 mil pessoas por jogo no Parque Antarctica. Hoje, o público médio é de 32 mil. Naquela época, o índice só foi tão alto porque foi campeão. Há três anos, o Palmeiras mantém a atual afluência, com título e sem. Ninguém quer ingresso caro. Todo mundo quer estádio cheio. A pergunta é como juntar as duas coisas.

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