Todo jogador brasileiro volta da Europa melhor taticamente. Menos o Pato e o Ganso. A frase é real, mas fica ainda mais explícita ao ver o lateral esquerdo Jorge, do Santos. No segundo minuto na Vila Belmiro, Jorge fez um lançamento de Gérson, Canhotinha de Ouro, para Evandro ajeitar e Sasha servir Marinho: Santos 1 a 0. No décimo minuto, se mandou para tentar o cabeceio no escanteio: “O Alison me segurou”, contou Jorge, no intervalo. Posicionado no rebote, pegou um sem-pulo e marcou um golaço.
Jorge joga como lateral esquerdo no sistema tático do Santos. Mas quando Jorge Sampaoli precisa de Lucas Veríssimo como lateral direito, defensivo, Jorge aparece na diagonal, como se fosse meia.
Contra o Cruzeiro, semana passada, Sampaoli escalou Felipe Jonatan como lateral esquerdo. Jorge atuou como quarto zagueiro.
Numa de suas jogadas defensivas, evitou um gol de Fred em cima da linha fatal. Quando o centroavante tentou a recuperação, Jorge levantou a cabeça, deu o drible dentro da pequena área e saiu jogando como se fosse Nílton Santos. Para quem não sabe, a Enciclopédia terminou sua carreira como quarto zagueiro.
Do primeiro tempo de brilho intenso de Jorge, o Santos passou a uma segunda etapa de erros consecutivos no sistema defensivo. Zé Ricardo trocou o ponta Romarinho por Felipe Pires, ex-Palmeiras. A questão central não foi essa, porque Felipe variou entre as pontas direita e esquerda.
O Fortaleza teve mais marcação no meio de campo e foi mais rápido para escapar ao ataque. Contou com o acerto da arbitragem ao anular gol impedido de Soteldo. Seria o quarto, mataria o jogo.
Na sequência, com auxílio do VAR, pênalti cometido por Aguilar. O mesmo vilão da derrota para o São Paulo, duas semanas atrás, foi também quem errou na jogada que recolocou o Fortaleza no jogo.
O Fortaleza melhorou o meio de campo, foi mais veloz, diminuiu com Wellington Paulista e empatou com Tinga no fim. “Nós fizemos 3 a 0 e continuamos atacando. Demos espaço”, disse Victor Ferraz, ao deixar o gramado sob as vaias da Vila Belmiro.
Não é bem assim. Contra o Goiás, o Santos fez 3 a 0, continuou atacando e terminou a goleada com 6 a 1. Contra o Avaí, a situação foi semelhante e o placar terminou 3 a 1. O Santos ataca sempre. Esse não é o problema.
No passado, o Santos fez 3 a 0 no Goiás, com Pelé em campo, e empatou 4 a 4. Aconteceu em 1974, pelo Brasileiro-73.
Empatar o jogo contra o Fortaleza foi um problema grave, porque a partir da próxima semana Flamengo e Palmeiras terão um mês sem Libertadores, classifiquem-se para as semifinais ou não, porque a próxima fase só acontecerá em outubro. Seria ótimo para o Santos ter quatro rodadas com seus rivais completos e com vantagem na tabela. Isso não exclui a lembrança de que a situação atual na classificação não foi prevista por nenhum analista antes de o Brasileiro começar.
Também inclui pensar na atuação impecável do outro Jorge: o lateral. Pode ser lateral, entrar em diagonal como meia —Telê Santana fazia isso com Leonardo— e agora até terceiro zagueiro. Não é obra de um professor pardal. É talento de Jorge. Do lateral, com seus pés, e do técnico, com sua visão.
Talles Magno
O menino que virou jogador porque sua mãe tinha uma caisa do Vasco para vender numa rifa ganhou o duelo com Juanfran, que podia ser seu pai. Talles Magno tem 17 anos. O lateral espanhol cansou. Já tem 34. O São Paulo está na briga, mas perdeu a série de cinco vitórias seguidas.
A decisão
O Palmeiras fazia 33% de seus desarmes depois do meio de campo, no ataque, antes da Copa América. Mudou. Depois da parada, só 17% dos desarmes são no ataque. isso não é filosofia. O time perdeu consistência e confiança. Sua maior virtude agora está na defesa.
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