Jorge Sampaoli chegou ao Brasil para assinar contrato com o Santos no dia 16 de dezembro do ano passado. Havia duzentos torcedores à sua espera no aeroporto de Guarulhos. Jorge Jesus chegou ao Galeão no dia 8 de junho, recebido pelos diretores Marcos Braz e Bruno Spindel.
O tamanho da recepção dá noção da expectativa. Jorge Sampaoli era um treinador pretendido pelos clubes brasileiros desde 2012, um ano depois de ser campeão da Copa Sul-Americana pela Universidad de Chile.
Por duas vezes, esteve a uma caneta de assinar contrato com o Cruzeiro.
O prestígio de Sampaoli era inversamente proporcional à ignorância sobre Jorge Jesus. Resultado do desinteresse das emissoras de TV do Brasil em transmitir o Campeonato Português com destaque.
De todos os treinadores estrangeiros contratados por clubes brasileiros, nesta década, Sampaoli era, disparado, o de maior repercussão. Jorge Fossatti, Diego Aguirre, Paulo Bento, Ricardo Gareca, Miguel Angel Portugal, Edgardo Bauza, Juan Carlos Osorio, Reinaldo Rueda, Sérgio Vieira, Juan Carrasco, todos na Série A depois de 2010... E nem Jorge Jesus era igual a Jorge Sampaoli.
Daí o fato do Santos não oferecer a chance de ser campeão brasileiro é uma frustração para ele.
Ganhar do Flamengo será uma satisfação.
Antes do Santos, as duas ofertas concretas do Cruzeiro por Sampaoli aconteceram antes de Celso Roth assumir o lugar de Vágner Mancini, em maio de 2012. Outra, em outubro de 2013, antes de aceitar o convite da seleção chilena. O Cruzeiro nunca admitiu esta proposta, mas Sampaoli disse que precisava saber o que a federação do Chile lhe oferecia, porque tinha US$ 3,5 milhões (R$ 14 milhões) propostos pelo time mineiro.
"Sampaoli tinha mesmo esse interesse. Os valores é que assustaram um pouco", lembra o diretor de comunicação do Cruzeiro, Valdir Barbosa. Marcelo Oliveira foi contratado e terminou bicampeão brasileiro.
Poderia ter sido Sampaoli.
Terminada a partida deste domingo (8), Sampaoli deve passar alguns dias no Rio de Janeiro. Pode fixar residência na capital fluminense. Técnicos estrangeiros do passado, como Armando Renganeschi, Fleitas Solich, Ramón Platero e José Poy, chegaram para trabalhar e te rminaram a vida aqui. Sampaoli pode ser assim.
Ele gosta do Brasil e do talento daqui. "Sempre quis vir para cá, pelo prazer de treinar jogadores brasileiros", diz Gélson Baresi, zagueiro campeão da Libertadores pelo Cruzeiro e do Brasileiro pelo Flamengo, agente de Sampaoli no início desta década.
Enquanto se especula que Jorge Jesus pode ir embora —mas provavelmente ficará até junho— discute-se qual o próximo endereço de Jorge Sampaoli. O Palmeiras já fez chegar ao argentino o interesse em tê-lo em 2020. O Racing já está descartado.
Por enquanto, seu objetivo é óbvio: ganhar do Flamengo.
Não terminará o ano como o técnico estrangeiro de maior prestígio no país. Mas vai dar o que falar.
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