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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Brasil vai improvisar a Copa América para salvar a Conmebol

Não se organiza uma convenção em 12 dias, muito menos um torneio internacional

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O absurdo não é ter Copa América. É ser no Brasil. Porque a Copa América fracassou, não conseguiu cumprir seus compromissos para ser realizada na Colômbia e na Argentina, como estava contratado. O Brasil assumiu essa responsabilidade a 12 dias do início do torneio.

Não se organiza uma convenção em 12 dias. Muito menos um torneio internacional.

Quando a Conmebol anunciou, não havia nem sequer certeza de quais cidades poderiam ser as sedes.

Pernambuco foi cogitado e, logo depois, descartado. Manaus, idem. A repercussão internacional tratou do risco de se jogar onde nasceu uma das cepas mais perigosas do coronavírus.

Outros estádios existem, mas a 12 dias do início da competição, ninguém sabia dizer onde seriam.

Não há comparação com Portugal, que assumiu o risco de fazer a Champions League de 2020 com oito clubes classificados. A emergência foi debatida três meses antes. Em 2021, a final voltou a Portugal em cima do laço, mas era um jogo só, num país que conseguiu zerar mortes por dia.

Com os estádios ocupados pelo Campeonato Brasileiro, estão comprometidos os campos mais perfeitos, de Corinthians, Palmeiras, São Paulo, o Maracanã, o Mineirão…

Desde o ano passado, a CBF bateu na tecla de que não poderia adiar seu calendário, porque é preciso começar 2022, ano da Copa, com tempo suficiente para os clubes jogarem e a seleção se preparar.

Logo depois de anunciar a Copa América no Brasil, o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, mais oportunista que Gabigol, correu para a sede da entidade, na Barra da Tijuca, para pedir o adiamento do Brasileiro.

Ora, que diferença faz o Flamengo ceder jogadores para a seleção brasileira disputar o torneio na Argentina, na Colômbia ou no Brasil?

Diferença faz assumir o compromisso de um torneio dessa magnitude, a 12 dias de seu início. Com manifestações nas ruas, como as do último sábado, que podem se repetir durante a competição, como aconteceu em junho de 2013, em plena Copa das Confederações.

Iniciar a Copa América e não conseguir terminá-la só não será um vexame maior do que não conseguir comprar vacinas.

Digamos que o Brasil fosse a sede contratada da Copa América há um ano. Seria legítimo tratar de cumprir o compromisso. Mas quem descumpriu o contrato foi a Colômbia, que pediu adiamento por motivo justo, e a Argentina, 22ª colocado no ranking mundial de mortes por Covid por milhão de habitantes. O Brasil está em décimo lugar nessa classificação.

Politizaram tudo, até o futebol. Daí muita gente faz questão de confundir. Disputar o calendário normal do futebol durante a pandemia é a tentativa de manter contratos e empregos, gente trabalhando com o mínimo de segurança.

O Flamengo fez questão de dizer que era necessário voltar a expor suas marcas, com o reinício do futebol.

Daí o cinismo de pedir o adiamento do Brasileiro por um mês, por ter de ceder jogadores para um torneio no Brasil, quando os liberaria da mesma maneira se a Copa América fosse na Argentina.

É o velho problema do futebol brasileiro, que deve ser resolvido. Quando a seleção joga, o clube descansa. Só que isso deve ser tratado na correta oportunidade e não com oportunismo.

Não importa se o presidente da República quer mudar de assunto e não falar em CPI ou se o presidente da CBF precisa criar motivo para se discutir outro assunto, que não sua crise interna, nos corredores do prédio que preside.

Assumir a responsabilidade de organizar um torneio internacional, 12 dias antes de seu início, em meio à maior crise sanitária da história, só pode dar certo se Deus for brasileiro.

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