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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Brasileirão tipo exportação tem transmissão para 120 países

Campeonato começa sua tentativa de ser conhecido internacionalmente com 30 anos de atraso

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A primeira novidade do Brasileiro, que começa neste sábado (29), é poder ser visto em 120 países. Já foi perto disso no ano passado, o primeiro em que a empresa Global Sports Rights Management (GSRM) teve o torneio sob contrato.

Agora fundida com a 1190 Sports, detentora dos direitos da seleção chilena e do Campeonato Argentino, e com contrato de exposição com a Paramount Plus, nos Estados Unidos, o Brasileiro começa a entrar firmemente no circuito internacional.

Flamengo e Palmeiras duelam no Brasileirão de 2020 - Adriano Machado - 21.jan.21/Reuters

Não é simples repetir a Premier League, no início deste século. Os ingleses subiram degrau a degrau. Primeiro, pararam de exportar jogadores para a França. Depois, com seu campeonato realmente forte e transmitido dentro do Reino Unido, ofereceram seus jogos a preço de banana, como degustação.

De 2003, quando a ESPN comprou pela primeira vez a transmissão para o Brasil, até hoje, é justo calcular que o preço subiu mais de 1000%.

O Campeonato Brasileiro começa sua tentativa de ser conhecido internacionalmente com 30 anos de atraso. “Nossa ideia é colocar o produto na prateleira. O dinheiro virá como consequência”, diz Hernán Donnari, CEO da 1190 Sports.

Na sua opinião, os dois pontos especiais do Nacional são a previsibilidade da tabela e a imprevisibilidade do torneio. “Não tem um campeão óbvio, nem dois postulantes que se mantenham todos os anos”, diz Donnari.

Ter como ponto alto a previsibilidade da tabela é uma conquista inquestionável num país que teve 32 fórmulas diferentes durante os 32 anos que antecederam os pontos corridos.

Outra é o nome. Brasileirão pegou. Embora seja visto só por loucos e loucas por futebol no planeta, diferentemente de Premier League e de La Liga, o apelido atrai. “Adoro esta pronúncia ‘ão’, que parece uma piscadinha e dá um tom brasileiro”, diz Donnari, nascido na Argentina.

Como marca, Brasileirão pode ser forte como Ligue 1, La Liga, Primeira Liga ou Bundesliga. Claro que será competitiva se o conteúdo, os jogos, tiver qualidade. Um trabalho árduo, temporada a temporada.

Foi assim, como se regasse uma plantinha, que a Premier League se transformou numa imensa árvore da felicidade.

As características da mídia nos tempos do streaming também tornam tudo mais complexo do que quando os ingleses ofereceram seu campeonato como degustação.

Antes, bastava entrar nas emissoras de televisão, a maioria a cabo, da Ásia à África, com passagem estratégica pela América do Sul.

Os clubes foram se tornando conhecidos e colecionando torcedores em todas as partes. Experimente entrar num táxi em Moscou e perguntar ao motorista “para que time você torce?”. Inevitavelmente a resposta será “Manchester United”, “Chelsea” ou “Liverpool”. Nunca Spartak, CSKA ou Lokomotiv. Na Copa de 2018, o máximo que se ouvia, fora isso, era “Real Madrid.”

A única chance de o Brasil não virar a Rússia e perder torcedores de seus clubes até dentro do país será espalhar o gosto por seus clubes. Ampliar dentro de seu próprio território e também por comunidades boleiras nos 120 países a que terá acesso até 2023 –e refazer o contrato por mais tempo.

Hoje é mais fácil entrar no mundo globalizado por streaming, redes sociais ou emissoras de TV. Por outro lado, há muito mais competição.

O Brasileirão não concorrerá com a Premier League, mas disputará espaço com a Liga Argentina, com o handebol, o basquete, o vôlei, a F1...

É um necessário exercício de paciência. Como será para os 20 participantes deste Brasileiro disputar o longo enduro de regularidade que começa neste sábado (29).

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