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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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A Copa do Mundo é a única referência

Os três últimos campeões foram eliminados na fase de grupos no Mundial seguinte

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Faz vinte anos nesta sexta-feira (3) que o Brasil estreou a campanha do penta, com vitória por 2 a 1 sobre a Turquia. A primeira página do caderno Copa da Folha estampava a foto de Ronaldo, junto ao árbitro Kim Young Joo, da Coreia do Sul, e o título: "Os craques da rodada."

Jogadores do Brasil comemoram gol marcado por Gabriel Jesus na goleada por 5 a 1 sobre a Coreia do Sul
Jogadores do Brasil comemoram gol marcado por Gabriel Jesus na goleada por 5 a 1 sobre a Coreia do Sul - Anthony Wallace-2.jun.22/AFP

O Fenômeno foi melhor em campo de um jogo vencido com a ajuda de Kim. O gol da vitória sobre a Turquia nasceu de um pênalti inexistente, falta sobre Luizão fora da área. Rivaldo converteu aos 42 do segundo tempo e o país seguiu desconfiando da seleção, julgando Argentina e França as maiores forças da Copa do Mundo.

Argentinos e franceses caíram na fase de grupos

Hoje, a Argentina ostenta sua maior série invicta da história, 32 jogos sem perder, a França não perde há 14 partidas e tem o time, aparentemente, mais poderoso do planeta, com Mbappé e Benzema.

O Brasil jogou bem o amistoso contra a Coreia do Sul e goleou a defesa menos vazada das eliminatórias da Ásia. Nunca a seleção havia marcado cinco gols em confrontos contra os sul-coreanos. Não dá para desprezar a atuação, como não se devia minimizar uma vitória contra a Turquia, forte naquela época a ponto de terminar o Mundial em terceiro lugar.

Só que, desta vez, haveria um pouco mais de parâmetro se a seleção vencesse a Itália, ou um rival europeu, por 3 a 0, como fez a Argentina.

A verdade é que a Copa do Mundo, e apenas ela, nos dará referências exatas. Os sul-americanos não enfrentam europeus e a recíproca é verdadeira. A Alemanha também adoraria medir-se contra Brasil e Argentina. Sob o comando de Hansi Flick, ganhou oito partidas e empatou uma. Jogou duas vezes contra Liechtenstein, duas contra Armênia, uma contra Israel. O empate aconteceu no único clássico, contra a Holanda.

Como o Brasil, a Coreia do Sul não enfrenta um rival da Europa desde 2019 e não vence nenhum desde 2018, quando bateu os alemães, então campeões, e os mandou de volta para Berlim na fase de grupos.

O futebol de seleções está tão surpreendente a ponto de as últimas três Copas terem eliminado o campeão na primeira fase.

A Itália, vencedora de 2006, caiu em 2010 com empate contra a Nova Zelândia e derrota para a Eslováquia. A Espanha saiu, em 2014, levando 5 a 1 da Holanda e 2 a 0 do Chile. A Alemanha, em 2018, após perder da Coreia do Sul por 2 a 0.

O equilíbrio e imprevisibilidade dos jogos de seleções estão diretamente ligados ao número de nacionalidades escaladas nas partidas de alto nível entre os clubes. Quando o sul-coreano Son é artilheiro do Campeonato Inglês, empatado com o egípcio Salah, é porque tanto o Egito, quanto a Coreia do Sul têm jogadores capazes de desequilibrar marcadores e ganhar partidas improváveis.

O conhecimento é a única coisa deste planeta que aumenta quando se divide.

O artilheiro do Campeonato Inglês é sul-coreano, não italiano. E, no entanto, todos continuamos julgando mais respeitável ganhar da Itália, que está fora da Copa do Mundo, do que da Coreia do Sul.

De verdade mesmo, falta parâmetro depois de dois anos de pandemia e com poucos confrontos entre seleções de continentes diferentes.

Não é exatamente uma novidade.

Quando a Copa do Mundo da Ásia começou, vinte anos atrás, as referências do futebol mundial eram França e Argentina, como parecem ser nesta semana.

Naquele mês, o Brasil saiu de azarão para campeão. Da desconfiança de ganhar pelo auxílio do árbitro, para se tornar a única seleção campeã vencendo sete jogos. Quando Pelé ganhou em 1970, o mais perfeito time da história só precisava jogar seis vezes.

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