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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Descrição de chapéu Copa do Mundo 2022

Perder Neymar e Messi cedo pode ser golpe duro para a Copa do Mundo

Qatar aposta na dupla do PSG, que lota estádios com torcedores nascidos em toda a Ásia

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O calcanhar de Aquiles da seleção é o tornozelo de Neymar. Das seis lesões graves sofridas por ele desde a chegada ao Paris Saint-Germain, cinco atingiram diretamente sua base de apoio. Duas fraturas de metatarso, popularmente o dedinho do pé, duas torções no tornozelo esquerdo e uma no direito, que volta a incomodá-lo e o tira da fase de grupos.

Contrasta com a informação de seu estafe de que ele nunca esteve tão leve –de espírito– desde que chegou à França. O corpo pode ter quatro quilos a mais do que no tempo em que Vanderlei Luxemburgo o chamava de filé de borboleta, mas está claro que a lesão não tem a ver com seu peso. Talvez com a incapacidade de soltar a bola mais rápido.

Na Argentina, chama-se de "tobillo" a mesma região do corpo que neste momento também aflige Messi.

As duas seleções, Argentina e Brasil, parecem menos dependentes de seus craques e, ao mesmo tempo, morrem de medo de perdê-los. No início da semana, Messi apareceu com enorme inchaço no tornozelo, depois relatado como uma bolsa de gel dentro da meia, para acelerar a recuperação.

Lembrou Maradona, cujo "tobillo" era medido diariamente pelo então colunista da Folha Silvio Lancellotti durante a Copa de 1990.

O calcanhar de Aquiles da Copa do Mundo seria perder dois de seus principais craques precocemente por pancadas. Não é o desgaste da temporada europeia. Uma torção ou lesão causadas por trauma é acidente de trabalho, para qualquer atleta.

Um golpe duro para Neymar, para Messi e para o Qatar.

Foto fechada no pé de Neymar mostrando o inchaço
Neymar sai de campo com o tornozelo direito inchado na estreia do Brasil - Giuseppe Cacace - 24.nov.22/AFP

Pense que o Paris Saint-Germain é hoje um clube qatari com sede na França, contratou os dois astros para ser campeão da Europa e até hoje não conseguiu. O país agora aposta na dupla que lota estádios com torcedores nascidos em toda a Ásia, vestidos com camisetas amarela, do Brasil, ou celeste e branca, da Argentina.

E, como se fosse um castigo de Alá, Neymar se machuca no primeiro jogo do Brasil, enquanto Messi corre o risco de eliminação, depois de jogar mal, com lesão, na derrota para a Arábia Saudita.

A pressão sobre Messi está menos sobre seu pé esquerdo do que sobre seus ombros. As fases de grupos das Copas do Mundo são um tormento para a Argentina, desde que sofreu 6 a 1 da Tchecoslováquia em 1958. No título de 1978, perdeu para a Itália e só passou em segundo lugar.

Com Maradona, estreou com derrota para a Bélgica quatro anos depois, empatou com a Itália em 1986, caiu para Camarões na abertura de 1990, classificou-se na repescagem em 1994, foi eliminada em 2002, correu risco até a última jogada contra a Nigéria, em 2018.

Ganhar do México e espantar a crise não é tarefa difícil. Mas vencer a Arábia Saudita parecia bem mais fácil.

Não se esqueça que Messi e Neymar são trabalhadores da propaganda oficial do Qatar, a ditadura que nega direitos aos trabalhadores, mulheres e homossexuais. Mas não merecem nenhum tipo de punição —e nem o mundo, que cobra a Copa, os está cobrando por isso.

Talvez a cobrança seja do destino.

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