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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Todos ganham com uma divisão mais equilibrada do dinheiro no futebol

É preciso olhar para a árvore; tem muita gente olhando só o galho

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O presidente do Botafogo era Maurício Assumpção quando o Clube dos 13 rachou e a Rede Globo negociou direitos de TV individualmente com Corinthians e Flamengo. Os valores subiram muito. Até 2010, os cinco clubes de maior torcida arrecadavam R$ 25 milhões por ano, apenas R$ 7 milhões a mais que o grupo formado por Botafogo, Fluminense, Atlético-MG, Cruzeiro, Internacional e Grêmio.

Questionado sobre o novo acordo prever que o Botafogo faturaria R$ 45 milhões, metade de seu maior rival, Assumpção respondeu: "Não posso pensar no Flamengo. Tenho de entender o valor com o qual o Botafogo poderá cumprir seus objetivos".

Doze anos depois, veja o abismo que se criou entre os dois clubes. Embora tenha acontecido mais em função da boa administração rubro-negra x má gestão alvinegra, a distância do contrato de TV ajudou a aprofundar o problema.

Toda a discussão atual sobre o distanciamento entre as duas propostas de Liga traz ao mesmo ponto. Com um agravante: o novo acordo será por cinquenta anos. A Liga Forte tem 26 clubes, entre os quais Atlético-MG, Fluminense, Fortaleza e Internacional. Suas premissas são que a diferença entre quem ganha mais e quem ganha menos não ultrapasse 3,5 vezes.

Também que se destine 20% do dinheiro para a Série B.

Na terça-feira (21), a Libra, de Flamengo, Vasco, Botafogo, Grêmio, Cruzeiro e dos quatro grandes de São Paulo, divulgou uma tabela em que a diferença será de 3,4 vezes, mas apenas quando se alcançar R$ 4 milhões de receita.

Se não se chegar a essa cifra, Flamengo e Corinthians manterão os patamares atuais por cinco anos. Espera aí: mas não tem contrato assinado a partir de janeiro de 2025!

É consenso que os dois gigantes devem ter direitos protegidos por um período de transição. Mas cinco anos podem criar distanciamento irrecuperável.

Há alguns mistérios nessa negociação.

Se a Libra acredita em seu projeto, por que duvida alcançar R$ 4 milhões antes de cinco anos?

Ou por que Palmeiras e São Paulo julgam normal receberem R$ 100 milhões a menos que o Flamengo e aceitam o período de transição de cinco anos?

Uma hipótese é que não se está fazendo as contas corretamente. Na ESPN, duas semanas atrás, Leila Pereira disse que tudo se resume à vaidade de dirigentes e que se tenta alcançar a distância de 3,5%. Atenção, não é percentual, são 3,5 vezes de diferença.

No ano passado, o rubro-negro arrecadou em torno de R$ 170 milhões, e o Corinthians, R$ 130 milhões.

Os valores existem por causa de uma cláusula de direito mínimo previsto no contrato. Quando se assinou esse termo, imaginava-se o pay-per-view com R$ 600 milhões de arrecadação. Hoje há em torno de R$ 380 milhões. Como o Palmeiras ganha R$ 70 milhões, acabou o dinheiro. Todo o resto é completado pelo dono dos direitos televisivos, que não vai bancar mais essa diferença.

Mas por que razão o Palmeiras acha normal ganhar R$ 100 milhões a menos que o Flamengo e R$ 60 milhões a menos que o Corinthians?

Flamengo, Corinthians, Palmeiras e São Paulo vão arrecadar muito mais de outras fontes.

A Alemanha divide o dinheiro comum, da televisão, de maneira equilibrada. O que desequilibra é a capacidade do Bayern de arrecadar com outros parceiros. É possível que todo o esforço para dividir o dinheiro não equilibre o campeonato. Mas é necessário o entendimento de que todos vão ganhar se o Brasileiro mantiver o equilíbrio.

É preciso olhar para a árvore. Tem muita gente olhando o galho.

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