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Uefa alerta sobre riscos do modelo de vários times com um mesmo dono

Órgão regulador do futebol europeu diz que formato ameaça a integridade do esporte e pode distorcer o mercado

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Samuel Agini
Financial Times

O apetite crescente dos donos de times de futebol para manter participações em vários clubes ameaça abalar a integridade do esporte e distorcer o mercado de transferências, alertou a Uefa (União das Associações Europeias de Futebol).

A propriedade de vários clubes assume muitas formas, mas geralmente envolve investidores que compram uma participação em pelo menos dois clubes de futebol. Em alguns casos é propriedade absoluta, mas em outros pode envolver o controle de um clube e participação em outros.

No final do ano passado, mais de 180 times em todo o mundo faziam parte de um grupo multiclubes, contra menos de 40 em 2012, segundo a Uefa, órgão com sede na Suíça que organiza o futebol na Europa.

Empresário John Textor recebe camisa com seu nome do presidente do Lyon, Jean-Michel Aulas; holding Eagle Football, dona da SAF do Botafogo, também comprou o clube francês - Olivier Chassignole - 21.jun.22/AFP

A tendência está "sendo alimentada predominantemente por investidores americanos", disse a Uefa em seu relatório "European Club Footballing Landscape" ("Cenário dos Clubes de Futebol Europeus], publicado ensta semana.

"O aumento do investimento em vários clubes tem o potencial de representar uma ameaça material à integridade das competições europeias de clubes, com um risco crescente de haver dois clubes com o mesmo proprietário ou investidor enfrentando-se em campo", disse a Uefa.

Variações desse modelo foram implementadas em todas as ligas. A Eagle Football Holdings, do empresário norte-americano John Textor, que adquiriu o francês Lyon em dezembro por 800 milhões de euros (R$ 4,46 bilhões, na cotação atual), também é dona do Botafogo, do Molenbeek, da segunda divisão belga, e de 40% do Crystal Palace, da primeira divisão inglesa.

A 777 Partners, com sede em Miami, por sua vez, é dona do italiano Genoa, do belga Standard Liège, do francês Red Star Paris e do Vasco da Gama. Tem também participações minoritárias em times como o espanhol Sevilla.

Os defensores do modelo dizem que ele reduz os riscos financeiros, pois o proprietário final pode sobreviver mesmo se um dos clubes do grupo sofre maus resultados ou é rebaixado de divisão. No entanto, o modelo gerou protestos dos torcedores.

Embora os grupos sejam normalmente proibidos de possuir participações significativas em mais de um clube no mesmo país, eles podem investir em diferentes ligas.

O relatório da Uefa também alertou que a crescente prevalência do modelo multiclube "tem o potencial de distorcer" o mercado de transferências de jogadores, porque "uma porcentagem crescente de transferências é executada dentro de grupos de investimento multiclubes por preços adequados aos investidores, em vez de valores justos".

"A maior parte do movimento de jogadores dentro de grupos de investimento multiclubes é por meio de 'transferências gratuitas' ou empréstimos, o que significa que nenhuma taxa é paga", acrescentou.

"Com o crescimento das estruturas de investimento cruzado, alguns investidores no futebol podem agora exercer controle sobre clubes que abrangem um total cumulativo de algumas centenas de jogadores registrados. O Centro de Inteligência da Uefa estima que mais de 6.500 jogadores em todo o mundo estão registrados em clubes pertencentes a uma estrutura de investimento cruzado", concluiu o relatório.

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