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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Brasil está perto demais de voltar a ser um país de futebol

Aumento de 48% no público do Paulista mostra que há luz no fim do túnel

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O aumento de 48% do público no Campeonato Paulista indica o erro de termos dito, por 20 anos, que o estadual não vale nada. É óbvia a hierarquia dos torneios: Brasileirão, Libertadores, Copa do Brasil, nessa ordem... Depois, estaduais. Também está clara a necessidade de organizar o calendário e tirar os grandes das maratonas do início de ano.

Tabela com público no Campeonato Paulista de 2023
Tabela com público no Campeonato Paulista de 2023 - Reprodução

Por outro lado, quando times de camisa, como Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Santos, Atlético, Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco estão em campo, sempre vale muito.

Torcida do Vasco na partida contra o Flamengo pelo Campeonato Carioca, no Maracanã - Daniel Ramalho - 5.mar.23/Vasco

Isso explica, em parte, o crescimento de 57% de são-paulinos no Morumbi, de 47% de corintianos na Neo Química Arena e de 37% de palmeirenses no Allianz Parque, durante o Paulista.

Parte desse sucesso é reflexo dos planos de sócios-torcedores, especialmente os que dão pontos para quem vai sempre. Corintianos e palmeirenses sabem que não conseguirão comprar ingressos para as partidas mais importantes do Brasileiro e da Libertadores se não tiverem 80% de presença durante o ano.

Mas em 2022 já era assim, e a presença foi 48% menor.

Talvez o acréscimo de espectadores se deva à saudade dos clubes, provocada pela Copa do Mundo. Desde novembro não se via o time do coração jogando.

Rony comemora com reservas seu gol contra a equipe do São Bernardo, pela 13ª rodada do Campeonato Paulista - Cesar Greco/Palmeiras

O Paulista deste ano será o primeiro desde 1985 com apenas um grande entre os semifinalistas. Há duas formas de olhar as finais deste ano.

De um lado, haverá menos público em Água Santa x Bragantino, menos audiência na televisão, menos engajamento nas redes sociais, pelas ausências de Corinthians, São Paulo e Santos.

De outro, a demonstração de haver mais forças num campeonato, disputado por cinco equipes da Série A –o único do país– e com o Ituano, que quase subiu no ano passado.

Até 1988, antes de o Brasileirão ter acesso e descenso, havia a chance de revitalizar os campeonatos estaduais e seguir o modelo de classificação por ranking das federações, semelhante ao da Champions League atual.

Rio e São Paulo indicariam quatro representantes, Minas e Rio Grande do Sul, dois, como hoje Inglaterra, Itália, Espanha e Alemanha têm quatro representantes na Champions.

A outra hipótese seria fazer Série A e B, acesso e rebaixamento, e construir um grande campeonato na elite nacional.

Em 35 anos, o Brasil não fez nem uma coisa nem outra.

O Brasileirão teve as edições de 2019 e de 2022 com a segunda e terceira maior média de público de todos os tempos e, mesmo assim, muito abaixo dos espectadores nos estádios de Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha e, pasme!, França.

Torcida do Brest no jogo contra o PSG, em Brest, na França - Stephane Mahe - 11.mar.23/Reuters

Na contramão, o presidente da CBF deu um presente aos presidentes de federações ao acabar com o ranking como sistema de classificação para a Copa do Brasil. Ou seja, mais vagas para os estaduais. O resultado é que Corinthians, Santos, São Paulo e Botafogo não têm garantia de disputar a próxima edição do torneio, o que fere de morte os detentores de direitos do mata-mata nacional.

Eles correm o risco de transmitir menos jogos do São Paulo e mais do Ituano e do Água Santa.

Ednaldo Rodrigues está cada vez mais próximo de Gianni Infantino, o homem que inchou a Copa do Mundo.

Futebol não se faz com política.

Faz-se com olhar atento para as questões técnicas.

Esta semana pode haver aproximação das duas ligas, que ainda nos permitem o sonho de construir um Brasileirão de verdade.

Ter mais gente nos estádios, e nos falidos estaduais, mostra que o Brasil está perto demais de voltar a ser um país de futebol, para continuar tão longe disso.

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