Raquel Landim

Jornalista especializada em economia, é autora de ‘Why Not’, sobre delação dos irmãos Batista e a história da JBS.

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Descrição de chapéu Balanços

Empresários buscam isolar Bolsonaro e implementar parlamentarismo informal

Após aprovação da Previdência, objetivo é tornar Paulo Guedes espécie de primeiro-ministro

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Nas últimas semanas, cresceram as articulações diretas dos grandes empresários junto aos principais líderes no Congresso, com destaque para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, para instituir um parlamentarismo informal.

O objetivo é viabilizar a reforma da Previdência e, na sequência, a reforma tributária e isolar o presidente Jair Bolsonaro (PSL), deixando o titular da Economia, Paulo Guedes, como uma espécie de “primeiro-ministro”.

Em um jantar realizado há duas semanas num grupo restrito de importantes lideranças do agronegócio, a conclusão foi a de que é preciso apoiar as reformas, não o governo. E vale ressaltar que o setor agrícola estava entre os principais entusiastas de Bolsonaro.

A crise entre o presidente e Maia ainda não foi bem digerida pela classe empresarial, que, apesar de descartar qualquer possibilidade de impeachment neste momento, não está nem um pouco satisfeita com a postura do presidente e de seus filhos.

O clima geral é de exasperação com tantas polêmicas desnecessárias, enquanto o país precisa com urgência da aprovação das reformas. Há muita insatisfação dos empresários com os três ministros “olavistas” do governo –Ricardo Vélez, Ernesto Araújo e Damares Alves– e com a falta de articulação política.

Para o presidente do conselho de uma das maiores empresas do país, a Casa Civil hoje é praticamente inexistente e não se aprova reformas sem uma articulação política forte. A viagem do titular da pasta, Onyx Lorenzoni, para a Antártida no meio da tramitação da reforma da Previdência só reforçou essa percepção.

Araújo, por sua vez, transformou-se no inimigo número 1 do agronegócio. Nas palavras de uma liderança do setor, parece que o chanceler acorda todos os dias pensando na melhor maneira de prejudicar a agricultura, comprando briga com seus principais clientes, China e países árabes.

Em entrevista à Folha, Paulo Skaf, presidente da Fiesp, que reúne a indústria paulista, reclamou que o ministério da Educação está “sem rumo”. Sua avaliação é compartilhada por outros empresários que se preocupam com o impacto da política educacional na formação de mão de obra.

Já Damares Alves incomoda os representantes do PIB não pelos temas que trata, mas por insuflar a raiva da esquerda, tornando o clima pesado na sociedade e atrapalhando o avanço da agenda reformista.

É bem verdade que Bolsonaro ainda conta com um pequeno séquito de empresários fiéis, principalmente aqueles ligados às comunidades judaica e evangélica. Eles fazem barulho, dizem que vão abrir escritório de lobby em Brasília, mas, segundo seus próprios pares, não têm a influência dos verdadeiros donos do dinheiro no país.

Não é que o governo seja de todo ruim. Sobram elogios ao desempenho não só de Guedes, mas também de Tarcísio Freitas (Infraestrutura), Tereza Cristina (Agricultura) e Sérgio Moro (Justiça). A questão é que os demais praticamente não os deixam trabalhar.

A luz amarela acendeu na classe empresarial quando a economia não reagiu como esperado. A indústria parou de se recuperar e está no mesmo patamar de 10 anos atrás. O varejo também vai mal e a construção civil nem se fala. Na avaliação do setor privado, o governo tem até setembro ou outubro para aprovar a reforma da Previdência. Se não ocorrer, será um Deus nos acuda.

Presidente da República, Jair Bolsonaro, durante visita a Israel em encontro com o Secretário de Aquicultura e Pesca do MAPA, Jorge Seif Junior, e empresários brasileiros - Alan Santos/PR

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