Diferentemente do que parte da esquerda especulou, Bolsonaro não simulou um ataque para ganhar popularidade.
Diferentemente do que disse Hamilton Mourão, candidato a vice de Bolsonaro, não há indícios de que o PT esteja por trás do atentado.
Diferentemente do que tuitou Silas Malafaia, o suspeito não assessora a campanha de Dilma ao Senado.
Diferentemente do que disse Gustavo Bebianno, presidente do PSL, não é hora de declarar guerra.
Diferentemente do que seria recomendável, o atentado não serviu de alerta para baixarmos a guarda. Continuamos com os dedos em riste, acusando o outro lado. Como se só existissem dois lados.
Continuamos com as cabeças fechadas em certezas absolutas que nos levam a recorrer aos mais exóticos malabarismos para defender nossas posições.
Erramos. Erramos todos.
Uma escalada de violência precisa ser contida. As próximas tragédias tendem a ser maiores. A começar pelo próprio Jair Bolsonaro, assim que recuperar a saúde. Não se pode consentir que ele continue a clamar pelo "fuzilamento da petralhada" ou ensine crianças a simular armas com os dedinhos.
Os seguidores de Bolsonaro, ainda mais agressivos e intransigentes, estão se assemelhando cada vez mais à imagem que criaram dos militantes petistas. Não há diálogo, não há espaço para novas ideias circularem.
Hora de o histrionismo verde e amarelo e da histeria vermelha decantarem um pouco. Bandeira branca, amor. Baixar a guarda, reavaliar convicções arraigadas, reavaliar o voto.
Hora de esvaziar os debates moralistas e inflar as propostas pragmáticas.
Com a poeira baixa, se dedicar a um lado fundamental dessa eleição que o debate binário tanto turvou: escarafunchar bons nomes para o Legislativo. A mudança política começa por ali.
Hoje não houve clima para o humor da "Semana dos Candidatos", como nas três semanas anteriores. Espero que a poeira baixe e que as ideias, gafes e piadas retornem à campanha eleitoral, como é de praxe.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.