Prestes a perder seus poderes mitômanos, Jair Bolsonaro pedirá a recontagem dos votos do TSE. "Onde já se viu voto oral? Cadê o recibo com a decisão impressa?", esbravejou.
Desabonado, o ex-incendiário divulgou um Pix impresso para doações. "Deixem dinheiro vivo, barras de ouro ou joias na fazenda do Nelson Piquet", explicou.
Ímpio, helênico e proparoxítono, Chico Buarque lançou uma canção inelegível.
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Desconstrução
Armou daquela vez como se fosse a última
Jurou que havia fraude na urna eletrônica
Juntou embaixadores num evento trágico
Pediu código-fonte num pastiche cínico
Sua desconstução foi sempre dogmática
Jogou nas quatro linhas como um beque bêbado
Quebrando adversários com maldade sórdida
Botando a mão na bola pra causar imbróglio
Perdeu a eleição e ficou catatônico
Pegou um avião como se fosse sábado
Seus olhos embotados de grafeno e nióbio
Mas deixou no país um rabo preso mítico
O documento impresso incriminatório
Estava escondido com seu secretário
A fraude anunciada pelo mandatário
Foi mesmo elaborada em seu manicômio
Agonizou no meio do passeio público
Parou o caminhão atrapalhando o tráfego
Armou daquela vez como se fosse mítico
Jurou que havia fraude na urna mandatária
Juntou embaixadores num evento imbróglio
Pediu código-fonte num pastiche público
Sentou pra descansar como se fosse um cágado
E não vai se eleger nem pro cargo de síndico
Parou o caminhão atrapalhando o tráfego
Por esse golpe a esconder, por esse dom pra mentir
Vacinação combater e a concessão pra mugir
Zombar da falta de ar e por dizer "E daí?"
Deus lhe pague
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