Roberto Dias

Secretário de Redação da Folha.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Roberto Dias
Descrição de chapéu Eleições 2018

Antes os candidatos ofereceriam esperança, pelo menos de mentirinha

Maratona de entrevistas e sabatinas com presidenciáveis só tem resultado em calor sem luz

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

O pesquisador se aproxima do cidadão e lê o questionário: “Se as eleições fossem hoje e os candidatos fossem estes, para qual país o sr. gostaria de se mudar?”. A charge, um viral da internet criado a partir de desenho do gaúcho Kayser, é antiga. A piada está atualizadíssima.

Caso pudessem, 70 milhões dos 208 milhões de brasileiros iriam embora do país, como mostrou pesquisa recente do Datafolha. Entre os jovens, a proporção é de 2 a cada 3.

Os que tiveram chance já picaram a mula. As declarações de saída definitiva do país entregues à Receita Federal mais do que dobraram ao longo desta década. A desidratação escorre do topo da pirâmide: cerca de 12 mil brasileiros com mais de US$ 1 milhão se mudaram para o exterior nos últimos três anos, colocando o país entre os líderes da emigração de elite no mundo.

Charge de Kayser
Charge de Kayser - Kayser

Quem acredita que vai ligar a TV a partir desta sexta (31), início da campanha eleitoral, e ver as coisas clarearem está abusando do otimismo, para dizer o mínimo. Antigamente os candidatos apareciam na tela para oferecer esperança, mesmo que de mentirinha. Agora nem isso. 

Os presidenciáveis talvez nunca tenham sido tão entrevistados e sabatinados numa campanha, e isso só tem resultado em calor sem luz.

Do lado do eleitor, quem se entusiasma com a campanha e sai da toca não deixa a coisa mais bonita não. O debate na rua e nas redes rasteja no nível do chão. Discussões sobre propostas não duram três minutos. Em alguns círculos, a impressão que fica é que as pessoas simplesmente não estão mais nem aí. 

Enquanto isso, o governo fantasma coloca militares como policiais em diferentes cantos do país, sem que isso adiante de nada. Na fronteira de Roraima, os venezuelanos que fogem do péssimo para o ruim vão entrar num regime de senha para poderem ser atendidos. Quando chegarem aos postos de saúde, devem encontrar o Zé Gotinha redivivo lutando contra doenças que já não estavam mais por aqui.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.