Rogério Gentile

Jornalista, foi secretário de Redação da Folha, editor de Cotidiano e da coluna Painel e repórter especial.

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Descrição de chapéu Folhajus

Vizinho que denunciou antissemitismo diz ter sido ameaçado de novo

A Folha procurou os advogados de Marcelo para ouvir a versão da defesa sobre o episódio, mas eles disseram que preferem se manifestar nos autos do processo

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São Paulo

O empresário Charles Robert Zyngier, 49, disse à polícia ter sido novamente ameaçado pelo vizinho Marcelo Izar Neves, que, em janeiro, foi condenado pela Justiça por ter proferido ofensas antissemitas durante uma discussão por causa de uma vaga na garagem.

Marcelo, 55, é filho de Gylmar dos Santos Neves (1930-2013), goleiro bicampeão mundial pela Seleção Brasileira de Futebol (1958 e 1962). Ele foi condenado em primeira instância a um ano de prisão por ter, segundo a acusação, em duas ocasiões, gritado frases como "judeu filho da puta, vou te matar" e "por isso que os judeus se foderam na vida, Hitler estava certo".

A pena de reclusão foi substituída pela prestação de serviços à comunidade, mas, como houve recurso, o processo será novamente analisado.

Charles Robert Zyngier venceu processo de injúria racial contra vizinho que o ameaçou de morte por ser judeu - Danilo Verpa - 3.fev.2022/Folhapress

Antes da condenação, a Justiça já havia proibido Marcelo de se aproximar do empresário e de sua família (300 metros), bem como de manter qualquer tipo de contato com ele, sob o risco de ser decretada a sua prisão preventiva.

Charles disse à polícia, no entanto, que no dia 12 de abril, estava na porta do elevador conversando com a ex-mulher de Marcelo, que também mora no condomínio, quando ele se aproximou. "O que você está falando com a minha mulher?", teria perguntado.

Na sequência, segundo o relato, ele se aproximou ainda mais e o ameaçou fisicamente. Charles disse que chegou a tirar os óculos, temendo ser agredido e que ficou "ainda mais amedrontado". Marcelo apenas teria reduzido o tom quando Charles começou a filmá-lo com o seu celular.


A Folha procurou os advogados de Marcelo para ouvir a versão da defesa sobre o episódio, mas eles disseram que preferem se manifestar nos autos do processo.

Em relação à acusação de injúria racial, na defesa apresentada à Justiça, Marcelo afirmou que as discussões com o vizinho começaram porque Charles furou os dois pneus do carro do seu filho depois que, por equívoco, ele parou o veículo na garagem do vizinho. "Xingamentos mútuos foram trocados pelos envolvidos", afirmou. "Ele estava em total estado de descontrole emocional."

Marcelo disse que, numa das ocasiões, chegou a dar um empurrão no capacete de Charles, mas que nunca proferiu injúrias raciais, a despeito de o fato ter sido confirmado à Justiça por testemunhas.

"Mas mesmo que os dizeres constantes na denúncia tivessem sido proferidos, o que não ocorreu, certamente não haveria intenção de ofender ou menosprezar o Sr. Charles enquanto cidadão e ainda menos enquanto membro da comunidade judaica", afirmou no processo.

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