O preparador físico uruguaio Sebastián Avellino Vargas foi condenado em segunda instância pela Justiça paulista por crime de racismo.
No ano passado, durante uma partida do Universitário, do Peru, contra o Corinthians pela Copa Sul-Americana, em São Paulo, Vargas imitou um macaco ao passar em frente à torcida brasileira.
O gesto, filmado por torcedores, foi feito nos minutos finais do jogo, quando ele se dirigia aos vestiários.
"O acusado depreciou e inferiorizou a coletividade de pessoas pretas e pardas ao associá-la a animal irracional", afirmou na decisão o desembargador Roberto Porto, relator do processo no Tribunal de Justiça.
A decisão foi dada no dia 2 de abril, confirmando sentença de primeira instância do ano passado. O preparador físico foi condenado a uma pena de dois anos de reclusão, mas a punição foi substituída pelo pagamento de dois salários mínimos a uma instituição social.
Ele negou a acusação à Justiça. Afirmou que nunca tratou pessoas negras de forma discriminatória e que os gestos não foram para a torcida do Corinthians, mas para cerca de 30 torcedores brancos que haviam ofendido e xingado a comissão técnica do Universitário.
O preparador físico declarou no processo que os profissionais de sua equipe foram chamados de "índios" e "peruanos de mierda". Disse que nunca havia visto tantos torcedores ofendendo uma raça e que isso o deixou "consternado".
De acordo com a sua defesa, os gestos foram feitos apenas para demonstrar que o grupo estava tendo um comportamento selvagem.
O desembargador não aceitou a argumentação: "Ainda que o clima hostil reinasse na arena, tal circunstância não justifica sua conduta. Os gestos demonstram o intuito de humilhar as pessoas em razão da cor de sua pele".
Vargas ainda pode apresentar novo recurso.
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