Ronaldo Lemos

Advogado, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro.

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Ronaldo Lemos

Beber menos ou nada está na moda

Cada vez mais gente visita bares e restaurantes sem consumir bebidas alcoólicas

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Há algum tempo escrevi sobre o fenômeno do "sóbrio curioso". O nome é péssimo, mas se refere a uma tendência crescente. O fato de muitas pessoas estarem reduzindo o consumo de álcool, ou até mesmo parando de beber.

Pois bem, agora alguém inventou um nome melhor para a tendência: o "low & no". O termo refere-se às pessoas que bebem pouco ("low") ou nada ("no").

Uma pesquisa recente feita na Inglaterra pela empresa de consultoria KAM traz números interessantes: 5,2 milhões de pessoas alegam estar bebendo menos agora em comparação há dois anos.

De acordo com o relatório, há uma mudança cultural em curso. O álcool é central para uma série de atividades sociais, mas cada vez mais o hábito de não beber é normalizado. Quem não bebe não precisa mais se explicar ou mesmo pedir desculpas.

De cada 4 adultos na Inglaterra, 3 dizem estar de alguma maneira moderando o consumo de álcool. São também os mais jovens, entre 18 e 34 anos, que apresentam menor consumo de álcool e mais moderação.

É interessante também notar que as visitas a bares e restaurantes sem pedir bebidas alcoólicas estão crescendo.

Em 2023, 31% das idas aos pubs ingleses não envolviam o consumo de álcool. Entre os restaurantes, o número é de 40%.

As razões para beber menos são muitas. Por exemplo, uma parte das pessoas diz fazer isso para gastar menos.

No entanto, a parte mais significativa tem a ver com razões de saúde. Por exemplo, quem pratica atividades físicas quer perder peso, melhorar a saúde mental, dormir melhor ou melhorar a aparência.

Todos os anos a Inglaterra faz a campanha de saúde pública chamada "Janeiro Seco" (Dry January). Ela fala não só sobre a redução do consumo de álcool mas também informa sobre os hábitos relacionados à bebida e à saúde.

Afinal, a Inglaterra possui um sistema público de saúde, e os custos causados pelo consumo exagerado são absorvidos por ele. A campanha se espalhou, e hoje é realizada em toda a Europa e também nos EUA.

No Brasil, um janeiro seco jamais funcionaria, por ser véspera de Carnaval. Talvez um agosto funcione, já aproveitando a má fama do mês entre nós.

Essa tendência tem gerado na prática uma explosão na produção de bebidas sem álcool. No Brasil, as cervejas sem álcool já são realidade. Mas o mercado é muito mais diverso.

Há bebidas de todos os tipos sendo feitas com ingredientes termogênicos como gengibre ou cúrcuma. Há também o surgimento dos vinhos sem álcool. Ou ainda o crescimento das chamadas "small beers". Cervejas com baixo teor de álcool, como 1% ou mesmo 0,5%.

É no comércio que a mudança acaba se concretizando. O espaço para bebidas não alcoólicas cresceu 60% nas gôndolas, de acordo com uma das principais cadeias de lojas inglesas.

Nos restaurantes é também cada vez mais comum uma sessão ampliada de não alcoólicos, que vai além da água e dos refrigerantes. E, é claro, falar sobre o assunto também está se tornando mais comum.

Sei que com o Carnaval logo aqui o tema é anátema para muita gente. Mas esta coluna é rebelde.

Reader

era Precisar se desculpar para não beber

é Moderação no estilo "low & no" álcool

Já vem Crescimento de bebidas como small beers, mocktails, vinho e cervejas sem álcool

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